Ordem dos Nutricionistas apela ao Governo que opte por sistema de rotulagem único
Um total de 40% dos portugueses não sabem interpretar a declaração nutricional presente nas embalagens dos produtos alimentares.
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Um sistema semáforo (Traffic Light Labellin) como o utilizado no Reino Unido ou o Nutri-score, aplicado em França. São dois exemplos de um sistema de rotulagem nutricional simplificada que permite descodificar se determinado produto, depois de analisado o valor energético, hidratos de carbono e/ou lípidos, por exemplo, é uma boa opção.
Atualmente, Portugal não adotou um modelo de forma exclusiva, o que na opinião da bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, cria dificuldades aos portugueses na hora da decisão.
"Aquilo que nós sabemos e os estudos vêm a demonstrar é que de alguma forma os consumidores não conseguem entender e não conseguem interpretar esta informação desta composição nutricional que está em todos os produtos alimentares porque é obrigatório que esteja. E mais, até há que dizer que em Portugal 40% dos portugueses dizem que não compreendem mesmo esta informação e se estivermos a falar de indivíduos que de alguma maneira são mais desfavorecidos nos seus conhecimentos ainda têm mais dificuldades", alerta a bastonária.
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Em 2019, depois de uma recomendação da Assembleia da República, a Direção-Geral de Saúde (DGS) lançou um estudo que revelou que mais de 50% dos portugueses lê o rótulo das embalagens no momento da compra, mas 40% não sabe ou tem dificuldades em perceber essa informação. A bastonária apela, por isso, a uma aposta na literacia alimentar.
Ou seja, a escolha por um único modelo de rotulagem nutricional simplificada "não dispensa uma campanha educacional para promover a literacia alimentar" e a "monitorização desta política de saúde", de modo a identificar possíveis reestruturações ao longo dos anos.
Segundo Alexandra Bento, esta tomada de posição da parte do Governo é ansiada pelos operadores e distribuidores, que estão disponíveis para fazer parte da solução e, assim, harmonizar as embalagens dos produtos comercializados no nosso país.
Cerca de 36% das crianças, em Portugal, sofre de obesidade. Portugal é o sétimo pior entre os 53 países da Região Europeia da Organização Mundial de Saúde, com cerca de 36% das crianças entre os 5 e os 9 anos a terem excesso de peso, das quais quase 15% sofre de obesidade.
Os dados foram avançados, esta quarta-feira, no último Relatório Regional Europeu sobre Obesidade da Organização Mundial de Saúde, com base em dados de 2016.
Questionada sobre esta problemática, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas diz preferir aguardar pela publicação dos resultados do Cosi - (Childhood Obesity Surveillance Initiative). Os dados foram recolhidos no ano transato e deverão ser divulgados entre o final do mês de maio e junho, mas as expectativas não são animadoras.
"Todos nós conseguimos intuir que a redução progressiva do excesso de peso e da obesidade, por ventura, de 2019 até aos dias de hoje, terá piorado. Se assim vier a ser, pois isto é uma intuição, então o cenário será muito preocupante", declara Alexandra Bento.