Bastonária da Ordem dos Enfermeiros confirma contratos e diz que faz tudo parte de uma estratégia para dignificar a profissão.
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A Ordem dos Enfermeiros (OE) pagou 36.080 euros, mais IVA, para haver uma personagem enfermeira na nova telenovela da SIC, Nazaré, avança o Público. A denúncia foi feita por Mário A. Macedo, enfermeiro, no Twitter.
"Não, este não é o anúncio da SIC da telenovela. É surreal, mas é o email que a Ordem dos Enfermeiros enviou aos seus membros. Está no site com destaque e tudo. A Ordem dos Enfermeiros aconselha os seus membros a ver a novela", escreveu Mário A. Macedo no Twitter.
Não, este não é o anúncio da SIC da telenovela. É surreal, mas é o e-mail que a ordem dos enfermeiros enviou aos seus membros. Está no site com destaque e tudo. A Ordem dos Enfermeiros aconselha os seus membros a
- Mário A. Macedo (@Mmacedo_tweets) September 18, 2019
V e r a n o v e l a !!
O contrato, publicado no mês passado no portal BASE de contratação pública, foi assinado a 25 de julho de 2019.
Não é por acaso que enfermeiro foi a palavra do ano 2018.
"É o objeto do presente contrato a aquisição de serviços de promoção e difusão da profissão em programa de televisão, em conformidade com as cláusulas técnicas estabelecidas na parte II do Caderno de Encargos", pode ler-se na primeira cláusula.
À TSF, Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, confirmou os contratos e diz que faz tudo parte de uma estratégia para dignificar a profissão.
"Há uma personagem que é interpretada por uma atriz que é enfermeira. É uma enfermeira do chamado setor social, que é um setor, infelizmente, muito esquecido em Portugal e não é uma iniciativa nova. Fomos contactados por uma produtora no sentido de fazer o patrocínio e o apoio técnico e decidimos fazê-lo porque entendemos que é uma iniciativa que valoriza a imagem social do enfermeiro. Não é por acaso que enfermeiro foi a palavra do ano 2018", explicou Ana Rita Cavaco.
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Segundo a Bastonária, a Ordem dos Enfermeiros não é a única entidade em Portugal a pagar para ser representada em telenovelas.
"A EMEL, por exemplo, patrocinou também uma personagem de uma novela que era um funcionário da EMEL. Estamos a fazer um patrocínio, esse não financeiro mas apenas técnico, a uma outra novela, a Terra Brava, em que é retratada uma enfermeira especialista em reabilitação. É uma iniciativa perfeitamente normal e pública. Implementámos a contratação pública neste mandato, que não existia, e todos os contratos são colocados nesse portal", afirmou a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
Ana Rita Cavaco sublinhou também que os 36.080 euros pagos para esta promoção na telenovela não representam muito no orçamento da Ordem dos Enfermeiros.
"No orçamento da Ordem é muito pouco. Temos o nosso Orçamento aprovado e publicado no site da Ordem. Este valor enquadra-se precisamente nas iniciativas de comunicação e da imagem dos enfermeiros em geral, que está precisamente relacionada com esta valorização social e profissional junto da sociedade civil", garantiu a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
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A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros disse também que não prevê ser alvo de críticas por ter financiado a criação de uma personagem numa telenovela da SIC.
"As redes sociais hoje têm um objetivo, sobretudo quando há eleições e nós estamos em processo eleitoral na Ordem dos Enfermeiros. Sabemos e vemos que essas publicações são feitas por pessoas que, desde o início, são a nossa oposição e vemos, sobretudo, uma coisa curiosa: muitos desses posts são de militantes socialistas", acrescentou Ana Rita Cavaco.
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Na novela, que estreou dia 9 deste mês, a personagem da enfermeira Cláudia é interpretada pela atriz Liliana Santos. No Facebook, a Ordem dos Enfermeiros publicou um vídeo com a atriz, a promover a telenovela.
"Já viu a nova novela da SIC? Em Nazaré, que estreou esta semana, a atriz Liliana Santos é Cláudia, enfermeira num centro de dia. Na vida real, Liliana reconhece o papel dos enfermeiros", pode ler-se na publicação que a Ordem fez na rede social.
A ASAE revelou esta sexta-feira que as campanhas de crowdfunding promovidas pelos enfermeiros para financiar duas greves nos blocos operatórios foram analisadas. Ao todo, a ASAE analisou oito campanhas consideradas como relevantes e abriu um processo contra uma das plataformas por quatro infrações, entre as quais a falta de um contrato escrito com o beneficiário do financiamento.
Guadalupe Simões, do Sindictao dos Enfermeiros Portugueses, afirmou que esta é uma decisão da direção da Ordem e garantiu que os profissionais de saúde não foram ouvidos. Para Guadalupe Simões, o dinheiro da Ordem dos Enfermeios devia ser gasto noutras prioridades.