A Ordem dos Médicos acusa o Governo de ignorar estado de exaustão dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde e lança gabinete de apoio para situações de esgotamento físico e mental provocado pelo stress no trabalho, o chamado burnout.
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Os médicos que sofrem de esgotamento físico e mental provocado pelo stress no trabalho, o chamado burnout, têm, a partir desta sexta-feira, um gabinete de apoio criado pela Ordem. O objetivo é receber casos, identificar sintomas e encaminhar os profissionais para tratamento, através de protocolos com entidades publicas e privadas.
Em declarações à TSF, o bastonário Miguel Guimarães explica que o Gabinete Nacional de Apoio ao Médico nasceu devido à pressão crescente a que os profissionais de saúde estão sujeitos no Serviço Nacional de Saúde (SNS): Muitos destes profissionais têm consultas marcadas em tempos perfeitamente inaceitáveis, para além da grande pressão que têm estão a trabalhar em equipas que estão desfalcadas e em condições que não são as mais adequadas.
As pessoas perante isto começam a entrar em sofrimento ético, entre aquilo que é o não fazer e o fazer, apesar tudo, para o doente ter acesso àquele cuidado especifico, e isso causa uma grande perturbação nas pessoas."
O gabinete criado pela Ordem procura ainda dar resposta a casos de agressão e violência contra os médicos e traçar uma estratégia nacional de prevenção contra estes casos.
Um estudo nacional sobre o burnout nos médicos, publicado esta sexta-feira pela Revista da Ordem dos Médicos, revela que a maioria dos profissionais no ativo se encontra no limite e precisa de ajuda. No documento a que a TSF teve acesso pode ler-se que "cerca de 66% dos médicos portugueses relatam um nível elevado de exaustão emocional, 39% demonstram níveis elevados de despersonalização e 30% referem uma elevada diminuição da realização profissional."
O Bastonário considera que os números são preocupantes e acusa o Governo de ignorar estado de exaustão dos profissionais do SNS. "Se eu olhar para estes dados, um médico que tem estes três fatores em nível elevado provavelmente nem devia estar a trabalhar porque precisa de ser ajudado. Por exemplo, nós podemos fazer uma parceria com a ordem dos psicólogos, protocolos com instituições hospitalares publicas e privadas, eu estou em crer que o Ministério da Saúde nos vai apoiar, mas se não apoiar nós vamos arranjar alternativas, como é evidente. Agora, quem devia preocupar-se com o estado de saúde e condições de trabalho dos seus profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde obviamente que é o Ministério da Saúde e o Governo."