Viajamos de bengala numa exposição de fotografia feita por pessoas com deficiência visual.
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Fazemos o chek-in à porta da galeria do piso inferior da Fundação Gulbenkian.
E viajamos de bengala numa exposição de fotografia feita por pessoas cegas.
Temos crítica, alegria, tristeza, sonho, fantasia, temos passado, presente e futuro.
"E temos boas fotografias", exclama Luís Rocha, o diretor artístico do projeto, responsável pelo MEF- Movimento de Expressão Fotográfica. Juntaram mais de 60 pessoas com deficiência visual e os fotógrafos foram eles.
António Pinão ficou cego aos 15 anos. Hoje, com mais de 60, continua a sonhar com o universo. A luz e a escuridão. "Se eu visse, gostava de ser astrónomo."
É ele que nos guia pelos corredores da galeria. Vamos de braço dado. E de olhos bem tapados. Vamos tatear e escutar. Vamos ver com outros olhos.
Junto a cada fotografia, está um banco. Junto a esse banco, um pequeno monitor, de fundo cinzento com relevos tracejados a preto, reproduz a foto. Já estamos de auscultadores e a voz da audio-descritora orienta-nos o tato. Cada fotografia tem a sua história.
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São quase uma centena de fotografias. O sorriso de Júlia não passa despercebido.
Ela faz pose de bengala e saltos altos, depois da cegueira lhe ter roubado o olhar e o equilíbrio. Júlia era hospedeira de bordo. Ela "é um avião de saltos altos".
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A exposição está na Fundação Gulbenkian, até ao dia 12 de novembro.