Os cem anos do livro que descreve o território "por onde nem Cristo, nem el-Rei" passaram
Cem anos depois, as Terras do Demo continuam "longe" da capital do país e do litoral e a precisar de obra, confessa o presidente da Fundação Aquilino Ribeiro, José Morgado.
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Os municípios de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva, a Fundação Aquilino Ribeiro e a Bertrand Editora juntaram-se para assinalar os 100 anos do livro "Terras do Demo", um dos mais importantes da obra do escritor.
A data vai ser celebrada com mais de uma dezena de atividades, numa comemoração que arranca este sábado (11 de maio) com uma conferência e com a reedição do livro.
"É uma reedição genuína porque vamos usar a capa original", explicou à TSF o presidente da Fundação Aquilino Ribeiro, José Morgado.
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A ideia de assinalar o centenário da obra partiu do neto do escritor e da Bertrand Editora, tendo a fundação e os três municípios das Terras do Demo associado à iniciativa. Até meados de junho vão decorrer mais de uma dezena de eventos, nos concelhos de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva, mas também em Lisboa e Aveiro.
As celebrações pretendem promover a obra e um autor que há um século chamou a atenção do país para as "terras pobres onde Cristo não passou e el-rei de Portugal também não". [É um livro] que relatava tão bem geograficamente as pessoas e sua relação com a natureza. Também deixou aquilo que nós chamamos o nosso marketing territorial", sublinhou José Morgado.
Cem anos depois, as Terras do Demo continuam "longe" da capital do país e do litoral e a precisar de obra, confessa o também autarca de Vila Nova de Paiva.
A Fundação dedicada ao escritor também necessita de ver renovadas as instalações. "Precisamos de um bom projeto, com fundos comunitários, para reabilitar todo aquele espaço, não só a reserva arquivista, o tratamento documental que existe, mas [temos de] dar-lhe condições de visitabilidade, obviamente mantendo a autenticidade para que seja projetado Aquilino Ribeiro a partir da sua Fundação", defendeu José Morgado.
À TSF, o responsável também não deixou de lamentar que o autor, que até teve honras de Estado, encontrando-se desde 2007 no Panteão Nacional, não seja dado nas escolas.
"É uma injustiça atendendo à sua dimensão. Obviamente que isso é um curriculum do Ministério da Educação, mas era de todo conveniente que os nossos jovens tivessem conhecimento e Aquilino Ribeiro no seu curriculum", disse.