Estão aprovados e em execução 786 projetos em todo o país, num valor que ultrapassa os 26 milhões de euros
Corpo do artigo
"Esta zona foi toda limpa", mostra Aldina Diogo. Vive na aldeia do Malhão e serve de cicerone para mostrar o que ali foi realizado no âmbito do projeto "Condomínio de Aldeia". Abarcou uma área de 36 hectares a que se candidatou a Câmara Municipal de Loulé através do Fundo Ambiental.
O programa foi criado a nível nacional para "atuar na envolvente das áreas edificadas mais vulneráveis ou críticas" situadas na floresta, apoiando ações que promovam alterações do uso do solo, contribuindo para a resiliência das comunidades, fomentando as economias locais e trabalhando para a biodiversidade.
A intenção primeira deste programa é dar apoio e resiliência às aldeias localizadas em territórios que possam ser afetados pelos incêndios.
Malhão, uma aldeia situada na Serra do Caldeirão, na freguesia de Salir, concelho de Loulé, é um dos muitos locais onde este projeto já foi realizado. Um sítio onde só vivem cerca de 30 pessoas. Durante o dia, pouca gente se vê, o único som que se ouve é os latidos dos cães. "Há muitos anos que não temos nascimentos aqui", lamenta Aldina.
Com este projeto, numa área de 36 hectares a que se candidatou a câmara Municipal de Loulé através do Fundo Ambiental, Aldina diz sentir-se mais protegida. "Primeiro fizeram a limpeza e depois a plantação das espécies autóctones: medronheiros, figueiras, oliveiras", conta. No total foram plantadas 1900 árvores e arbustos mais resistentes aos incêndios. Os pontos de água, como ribeiros e charcas, foram igualmente limpos. "Quem viveu o incêndio, é um alívio ter o Condomínio de Aldeia, os terrenos estão limpos, sentimo-nos muito mais seguros", confessa Aldina. Os habitantes do Malhão não esquecem o fogo que veio do Alentejo e que os obrigou a deixar as suas casas. Um incêndio que percorreu a Serra do Caldeirão em 2004 durante vários dias.
Filomena, a mãe de Aldina, tem o único café da aldeia, por onde passam ciclista que treinam até ao Alto do Malhão, o sitio onde acaba a Volta ao Algarve em bicicleta. Por ali circundam aos fins de semana turistas que procuram aquele sítio para fazer caminhadas. Filomena lembra que depois do incêndio de há 20 anos, a serra nunca mais foi a mesma. "As pessoas perderam muito rendimento, as árvores morreram, os sobreiros deixaram de dar cortiça", conta.
Nos próximos cinco anos, para manter toda aquela zona limpa e segura, os serviços camarários terão a incumbência de fazer a manutenção da área, nomeadamente ao nível da rega e tratamento das árvores. Aldina Diogo gostava que este projeto fosse o início de outros que dessem alento e fizessem desenvolver uma serra cada vez mais desertificada.