É urgente dar aos mais pequenos liberdade para sonhar. O alerta é de quem valoriza os sonhos e olha com preocupação para a infância nos dias que correm. Assinala-se esta terça-feira o Dia Mundial do Sonho.
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"Infelizmente há, na sociedade atual, muita projeção dos problemas dos adultos nas crianças e são esses problemas que são inibidores das crianças sonharem e arriscarem nos seus sonhos", afirma Rui Loureiro, professor de educação física e responsável pelo projeto Sonhadorismo, um projeto de inovação social.
Rui Loureiro lamenta que a sociedade olhe para os sonhadores como loucos ou perigosos. Ele acredita que isso acontece por existir a ideia de que não há oportunidades, de que não vale a pena sonhar. Um cenário que, assegura, não corresponde à verdade: "hoje as oportunidades são maiores". "Cabe-nos a nós, enquanto adultos, não deixar que os nossos receios paralisem os sonhos dos nossos filhos", defende.
Carlos Neto, professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa também está preocupado com a falta de liberdade para sonhar e considera mesmo que foram criadas condições para manter as crianças prisioneiras dos próprios sonhos.
"Institucionalizou-se o tempo das crianças, criaram-se crianças de agenda, criaram-se formas de inibir e proibir as energias naturais das crianças, criaram-se formatações nos currículos escolares a tal ponto que as crianças passam a maior parte do tempo sentadas", afirma Carlos Neto.
Para este investigador há um problema gravíssimo de "sedentarismo físico, social e mental que está a criar crianças totós, crianças com alguma insegurança, vulnerabilidade e com atrasos consideráveis do ponto de vista motor".
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Carlos Neto defende que há muita coisa que exige obrigatoriamente mudança. "O paradigma educacional, o paradigma da organização social e da organização do trabalho e também o paradigma da vida da família" devem mudar, defende o professor e investigador. Para Carlos Neto não faz sentido que os pais cheguem a casa cheios de stress e sem vontade de brincar com os filhos.
Além de leis mais amigas das famílias, a solução, acredita Rui Loureiro, passa também por parar de incutir desejos e vontades aos mais pequenos e transformar as crianças em "ovelhas amarelas". Um conceito explicado assim pelo responsável do projeto Sonhadorismo: "Transformar uma criança numa ovelha amarela é dar a capacidade máxima a essa criança de sonhar e conquistar o seu sonho porque se essa criança conquistar o seu sonho vai sobressair entre os outros".
Rui Loureiro acredita que seja qual for o sonho das crianças, se ele for apoiado pelos pais, o sucesso está garantido.