Os Mestres: “É gratificante ter o reconhecimento dos miúdos que vêm ter comigo na rua”
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Maria Luisa Costa, 67 anos, professora reformada há dois anos. Quando começou a lecionar ainda lhe chamavam professora primária. Foi antes da mudança do sistema das antigas direções regionais para os agrupamentos de escolas. Percorreu, durante boa parte da sua carreira, vários estabelecimentos de ensino, desde os subúrbios de Lisboa até à zona da lezíria do Tejo.
Quando decidiu aposentar-se estava no 4.º escalão e perto de casa, tendo nos últimos anos lecionado em várias escolas dos agrupamentos da cidade de Santarém, onde reside.
Hoje dispensa os comprimidos para dormir e frequenta aulas de teatro da UTIS, a universidade sénior da cidade, espaço de saber, convívio e partilha para a população com idade igual ou superior a 50 anos.
Ponderou responder ao desafio do governo para regressar à profissão, mas depois de conhecer as condições remuneratórias, que diz, serem equivalentes ao 1º escalão, afirma que não compensaria, mesmo para quem tirou uma licenciatura virada para o ensino do português a crianças estrangeiras e nunca tenha exercido neste domínio.
Garante que não tem saudades da campainha do recreio, nem da burocracia dos relatórios, nem da introdução de dados nas plataformas escolares, nem de alguns agrupamentos escolares por onde passou, mas guarda o sorriso dos alunos e considera que o mais gratificante é o reconhecimento que ainda hoje tem, quando jovens e seus familiares a abordam na rua.
