António Saraiva, o presidente da CIP, mostrou-se preocupado com a escalada de conflito em vários setores.
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O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) acusa o Governo de ter culpa no crescimento da conflitualidade social e defende que "não se pode prometer tudo a todos". No final da audiência desta tarde com o presidente da República, António Saraiva mostrou-se preocupado com a escalada de conflito em vários setores.
"Há aqui uma responsabilidade do atual Governo, porque quando se promete tudo a todos e acaba por se dar alguma coisa a alguns as expectativas elevadas que se criaram e a falta de resposta a essas expectativas, num tempo em que o populismo tem um campo fértil para crescer, há aqui cuidados acrescidos na gestão dos temas, dos dossiês. Só podemos prometer tudo a todos se tivermos condições de satisfazer essas promessas. Se a condição do país, se os recursos do país não chegam para essas exigências e se a isso somarmos que as exigências são demasiado elevadas - porque todos conhecemos as possibilidades do país - e se todos formos pedir o impossível é o país que não consegue aguentar e os nossos impostos já não pagam as loucuras do passado."
António Saraiva pede, por isso, "sensatez" e acrescenta que "a conflitualidade social perturba o normal funcionamento da economia". Durante o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, os representantes da CIP abordaram também os receios que possuem em relação ao processo do Brexit, com o presidente da confederação a defender que "qualquer saída, ordenada ou desordenada, terá consequências nas exportações" portuguesas.
"A desvalorização da libra, a perda de confiança dos cidadãos do Reino Unido leva a algum abrandamento do seu consumo e, se numa primeira frente se verifica no turismo, inevitavelmente, havendo redução do consumo, verificar-se-á em todos os outros produtos que exportamos para aquele mercado e isso não deixa de nos preocupar."