Há cada vez mais gente a pedir nos restaurantes para embrulhar o que sobra e evitar o desperdício. "Há mais consciência", diz Maria Luísa, proprietária do restaurante "Antunes".
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No restaurante de Maria Luísa Teles Pinheiro, há cada vez mais pessoas a pedir para levar para casa aquilo que sobra. "Antigamente, poucas pessoas pediam. Mandavam deitar os restos na saca para os cães. Agora não. Pedem os restos para levar".
O pernil custa 16 euros e é a especialidade que dá fama ao Antunes. "Fico admirada, porque às vezes sobra muito pouco, mas levam na mesma", diz. O que faz com que na cozinha, ao fim do dia, haja menos restos: "Temos menos desperdício, mas ainda chega sempre para os pobres levarem".
É regra da casa. Um pobre que venha pedir não vai embora sem alimento. Era assim que o marido de Maria Luísa fazia e, depois da morte dele, ela quer continuar com a mesma regra de solidariedade. Até porque o mundo nem sempre é um lugar justo. "Vendo a fome que vai por esse mundo fora, também não gosto de ver estragar", sublinha, fazendo notar no entanto que "as embalagens são caras".
Às vezes cobra as embalagens ao cliente, outras vezes não. Depende muito da despesa que ele faça. Uma coisa é certa: acha bem quando se pede para levar para casa. "As pessoas aproveitam mais. Antigamente, deixava-se nos tabuleiros, nas travessas. As pessoas estão mais conscientes", analisa.
Ela própria, quando ao domingo vai almoçar fora, também pede para levar.
Aqui na mesa ao lado, está a jantar Rui Carravilha. É gerente comercial e diz que normalmente não pede para levar os restos para casa, simplesmente porque não costuma haver restos. Foi habituado desde criança a não desperdiçar nada e até a "limpar o prato depois de comer com pão"
O não desperdício levou a que o Solar do Senhor Da Pedra, em Miramar, passasse a discriminar na lista o preço das embalagens. "Todos os dias nos pedem para levar o que sobra", diz Cristina Campos, filha do proprietário deste restaurante mesmo em frente à praia que é famosa por ter uma capela em pleno areal. Todos os dias, revela, há pelo menos cinco clientes que pedem para levar o resto do almoço.