Decisões dos proprietários depois dos incêndios levam, várias vezes, ao crescimento de espécies indesejadas.
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O Observatório Técnico Independente para os Fogos Florestais recomenda a criação de uma entidade que permita dar uma resposta adequada, rápida e eficaz nas áreas atingidas pelos incêndios e defende a necessidade de estabelecer normas de orientação para que os proprietários saibam exatamente o que fazer.
Estas são recomendações que resultam de uma constatação dos peritos: a de que, em Portugal, não existe uma intervenção generalizada no pós-fogo, principalmente ao nível da conservação dos solos.
Os peritos defendem que as autoridades se centram bastante na investigação das causas e pouco na restauração dos ecossistemas florestais. No estudo denominado "Estabilização de Emergência Pós-Fogo", divulgado esta segunda-feira, os peritos concluem que o que ocorre depois dos incêndios recebe pouca atenção por parte das entidades competentes e dos proprietários.
São várias as ocasiões em que os donos de terrenos ardidos, escreve o OTI, retiram a lenha que tem mais valor à procura de uma possível compensação pelos prejuízos. E é aí que deixam a área ardida entregue à regeneração natural.
Além disso, os apoios para a regeneração dos solos são escassos e geralmente demoram a chegar, dando tempo para que os efeitos nefastos no ecossistemas se manifestem. Os peritos sublinham que, após a destruição da floresta, não há tempo a perder e a intervenção nas áreas de floresta ardida tem de ser rápida.
Por essa mesma razão, é importante avaliar rapidamente os prejuízos, identificar as áreas que devem ter prioridade no apoio financeiro e diminuir a burocracia.
No capítulo das sugestões, o OTI defende que Portugal pode seguir o exemplo da Galiza, onde existe uma experiência técnica aprofundada nas restauração hidrológica e florestal, alargando também a cooperação entre os dois lados da fronteira no âmbito da estabilização de emergência.