O projeto Outdoor, da P28 - Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico, vai, nos próximos sete meses, levar trabalhos de artistas a sete cidades. O meio escolhido são painéis publicitários. Em Coimbra, o primeiro trabalho exposto é de Pedro Valdez Cardoso
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É no Convento São Francisco, em Coimbra, que está exposto o trabalho de Pedro Valdez Cardoso, um dos artistas que participa na edição deste ano do projeto Outdoor, da P28 - Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico.
Trata-se da apropriação de uma fotografia de um pé de uma estátua grega que, por cima, tem uma frase retirada de uma música.
“A ideia foi pensar que o outdoor é, por natureza, um espaço ligado à propaganda, seja ela de publicidade, seja ela de política. Também é engraçado que vamos voltar a ter eleições. Este outdoor que eu trago é uma imagem com esse caráter político, de resistência, que acho que nas circunstâncias atuais do mundo, em geral, faz muito sentido”, acrescenta.
Para o artista, “o grande desafio foi circunscrever uma peça a uma imagem” e, depois, sair do seu lugar “mais de conforto, que é a tridimensionalidade, a escultura e o objeto”.
Outro desafio prendeu-se com o facto de apresentar algo que “fizesse com que as pessoas pensassem”. “Ou seja, que não fosse uma coisa só retinal, mas que fosse algo que a pessoa lesse e ficasse a pensar o que é que aquela frase quererá dizer. Porque a frase em si, eu tomo-a como uma frase de resistência, mas é uma frase poética. Portanto, foi também criar esse diálogo quase com quem vê”, observa.
Ao longo de sete meses, o projeto Outdoor leva, de forma rotativa, os trabalhos de sete artistas às cidades de Coimbra, Évora, Faro, Lisboa, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu.
Para Nuno Aníbal Figueiredo, da P28 - Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico, esta é uma aposta na arte pública a partir do outdoor, “um suporte que é um meio de comunicação”. “E sendo ainda por cima um veículo de fácil assimilação, é essa também uma das valências do outdoor, é, exatamente, possibilitar, num uso generalista, massivo e universal, poder dar um outro tipo de uso, que diríamos de valor, para colher trabalhos artísticos”, observa.
Um dos objetivos deste projeto é também levar a arte às pessoas que acabam por, segundo Nuno Aníbal Figueiredo, na vida diária, serem “interpeladas por algo que, habitualmente, necessitam de um outro tipo de contexto ou de tempo”.
“O que o outdoor faz, e temos tido experiências ao longo destas várias edições, é que muitas vezes das pessoas têm os seus hábitos de trajetos e é uma coisa que fica porque acabam por ser interpeladas ao fim da terceira, quarta, quinta vez”, observa.
Este ano, o projeto Outdoor conta com trabalhos de Cláudia R. Sampaio, Edson Chagas, Isabel Baraona, Isabel Simões, José Maçãs de Carvalho, Luísa Cunha e Pedro Valdez Cardoso.
