O ex-deputado Pacheco Pereira teme que a não nomeação de novos governadores civis não tenha efeitos práticos e casos de corrupção nas privatizações que se aproximam.
Corpo do artigo
Foi uma das primeiras decisões anunciadas pelo novo Governo liderado por Pedro Passos Coelho , que declarou que não vai nomear novos governadores civis.
Em declarações no programa Quadratura do Círculo, na SIC Notícias, Pacheco Pereira considerou que o Executivo tem de explicar como quer acabar com os governos civis, temendo no entanto que a não nomeação de novos governadores não tenha efeitos práticos.
«Para acabar com os governos civis tem que haver uma revisão constitucional, o meu medo é que isto seja tudo de troche moche e depois o que é que resulta monstros porque o que pode resultar é os governos civis como estavam antes conduzidos por um secretário ou director qualquer», referiu Pacheco Pereira.
«Eu sou a favor de acabar com os governo civis e acho meritória a intenção deste Governo. Mas tem que dizer como é que vai fazer uma revisão constitucional, como é que obtém o apoio do PS e, depois, como é que faz a distribuição dos funcionários», acrescentou.
Pacheco Pereira acrescentou que os actuais ministérios da Agricultura e da Economia não são governáveis e alertou para possíveis casos de corrupção nas privatizações que se aproximam.
«No caso do ministério da Economia é onde há lobbies, onde se vai passar uma parte importante do processo das privatizações. De facto aí, é necessário um ministro que conheça muito bem [o sector] porque corre o risco de poder ser levado a soluções quanto às privatizações que possam corresponder a actos concretos de corrupção ou interesses», alertou Pacheco Pereira.
No mesmo programa da SIC Notícias, António Costa, antigo ministro da Administração Interna, defendeu que os governadores civis desempenham alguns papéis que dificilmente podem ser substituídos por outra entidade pública.
«Os governadores civis têm um papel dificilmente substituivel em duas dimensões: na articulação em matéria de protecção civil e em coordenação de forças de segurança. Portanto, a sua eliminação colocará um problema que tem a ver com a representação territorial do Ministério da Administração Interna», contestou.