Os manuais, sobretudo do primeiro ciclo, que estão a ser distribuídos apresentam páginas rasgadas ou escritas. A Confederação das Associações de Pais defende que os livros para entrega deveriam ser novos.
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Capas estragadas, páginas escritas, folhas rasgadas. A poucos dias do arranque de mais um ano letivo, os pais queixam-se do estado em que se encontram os manuais escolares do primeiro ciclo.
Jorge Ascensão, o presidente da Confederação das Associações de Pais, a Confap, revela à TSF que o mau estado destes manuais está na origem de grande parte das queixas apresentadas pelos pais, e deixa uma recomendação.
"As famílias têm que voltar à escola entregar e pedir à escola que lhes entregue material que esteja em situação de ser utilizado, e os serviços devem aprender e lidar com isso adequadamente. Temos tido bastantes reclamações sobre manuais que estão escritos ou não estão em condições, principalmente no primeiro ciclo, e também são extensíveis a famílias que só estão a receber manuais de algumas disciplinas, por apenas adquirirem alguns vouchers", aponta.
No caso do primeiro ciclo, os livros que estão a ser entregues não são novos, mas Jorge Assunção defende que deveriam ser.
No entanto, a opinião do professor que há oito anos criou o movimento para a reutilização de livros escolares, Henrique Cunha, é de que as dificuldades e falhas em torno da entrega de manuais gratuitos a todos os alunos do ensino público devem ser vistas como naturais.
Henrique Cunha considera que a dimensão da iniciativa, mas sobretudo a bondade da mesma, recomendam alguma benevolência relativamente a esses transtornos, e sublinha que o que está a acontecer vai ao encontro do que determina a lei fundamental, ou seja, o direito ao ensino universal e gratuito.
"Demos mais um passo gigante rumo ao cumprimento do artigo 74, cumprindo as melhores práticas ambientais, tal como a gratuitidade ser possível graças à reutilização. Depois de esta iniciativa ter chegado ao 12.º ano do ensino público, obviamente é de prever constrangimentos, porque estamos a falar de um milhão de alunos", refere, em declarações à TSF.
Sublinhando que o movimento que criou há oito anos tinha como propósito a reutilização dos manuais escolares e que tal foi conseguido, Henrique Cunha diz que agora falta ver cumprida outra meta: a da gratuitidade dos livros também para os alunos do ensino privado. "Uma vez que atinge um tópico constitucional, prevemos que esta medida, a prazo, deve abranger todos os cidadãos, independentemente do estabelecimento de ensino que escolhem."