PAN pode ser o "primeiro partido" com causa animal nos Verdes Europeus. Adesão do Livre confirmada no sábado
De "olhos postos no futuro", Inês de Sousa Real afirma, em declarações à TSF, que a prioridade do partido português é "reconquistar a representação no Parlamento Europeu".
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O partido Pessoas, Animais Natureza (PAN) junta-se esta sexta-feira à família política dos Verdes Europeus, durante o 37.º Congresso do Partido, embora como observador, sem que tenha direito a voto. No sábado, os membros votam a adesão do Livre, de Rui Tavares, que será o segundo partido português com plenos direitos, depois do PEV.
A porta-voz do PAN, reeleita há duas semanas, sublinha que, se a adesão se concretizar, este vai ser o primeiro partido "que tem na sua génese a proteção animal a integrar a família dos Verdes Europeus", uma ligação que assume particular importância a um ano das próximas eleições europeias.
"É fundamental estarmos a par daquilo que é trabalhar os vários dossiers. Estamos a falar de matérias que hoje assumem uma enorme complexidade e, até novos desafios, face à dependência do gás e à necessidade de transição para uma economia e um modelo de desenvolvimento mais sustentável. É importantíssimo para nós estarmos integrados nesta família e podermos trabalhar em conjunto todos estes dossiers", afirma Sousa Real à TSF.
O PAN, que perdeu representação no Parlamento Europeu, depois de Francisco Guerreiro ter abandonado o partido devido a divergências com a direção, assume que agora a prioridade é "reconquistar essa representação".
De "olhos postos no futuro", Inês de Sousa Real, que se junta esta sexta-feira ao 37.º Congresso extraordinário, diz que o partido "não se prende ao passado", mas lamenta que o lugar "eleito pelo PAN" não tenha "sido devolvido", uma vez que o eurodeputado decidiu continuar em Bruxelas como independente, integrando atualmente o grupo dos Verdes Europeus.
"As últimas sondagens dão precisamente esta possibilidade de os Verdes Europeus elegerem através do PAN um eurodeputado aqui em Portugal. Lamentamos é profundamente que o mandato não nos tenha sido devolvido", confessa à TSF.
A líder do PAN, destaca ainda que uma "Europa progressista é uma Europa verde" e afirma ambicionar "poder partilhar e evidenciar" o "vasto conhecimento técnico dos partidos" que integram esta família política, que acredita "ser diferenciadora."
A adesão do Livre como membro de pleno direito aos Verdes Europeus, por sua vez, será votada no sábado após o comité político já ter emitido uma recomendação aos delegados nesse sentido. Desde a sua fundação, em 2014, que o Livre tem como objetivo ser membro do Partido Verde Europeu, que atualmente só conta com uma força política portuguesa: o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), que perdeu a representação na Assembleia da República em 2022.
No congresso que se vai realizar esta sexta-feira e sábado em Viena, capital da Áustria, os delegados vão deliberar sobre um relatório elaborado pelo comité do Partido Verde Europeu que recomenda a adesão do Livre como membro de pleno direito desta força política europeia.
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No documento, o comité dos Verdes Europeus faz um enquadramento da situação política atual, salientando que o Governo socialista tem atravessado vários "escândalos políticos" e resume o percurso do Livre, incluindo a polémica com a ex-deputada Joacine Katar Moreira, que surgiu devido a "uma falta de comunicação entre o partido e a deputada, que escalou para uma troca pública de acusações de ambos os lados".
Apesar deste episódio, que levou o Livre a perder na altura a sua representação parlamentar, recuperada em 2022, o comité - que falou com várias entidades em Portugal no início de março no âmbito dos processos de adesão do Livre e do PAN - considera que o partido representado pelo historiador no parlamento tem tido "um padrão de crescimento estável desde a sua fundação" e tem como desafio nos próximos meses e anos trazer novas figuras para o espaço mediático, além de Rui Tavares.
Na opinião do deputado único, a principal vantagem desta adesão do Livre "é poder levar as ideias que são do sul da Europa, que são de uma esquerda verde que é feita a partir do sul, e que podem influenciar mais facilmente partidos, alguns dos quais estão no Governo, como o partido verde alemão, o austríaco, e outros".
De acordo com o relatório desta estrutura dos Verdes Europeus, a perceção geral é a de que o Livre tem boas perspetivas para as próximas eleições europeias de 2024, "especialmente porque há muitos eleitores chateados com o Governo socialista".
Questionado sobre objetivos eleitorais para 2024, Rui Tavares respondeu apenas que "o Livre tem de ter uma candidatura forte e tem de procurar eleger".
"É nas europeias que os nossos concidadãos vão ter a oportunidade de fazer do Livre aquilo que muita gente na rua nos diz que quer: um Livre que não se contente com ser um partido pequeno", afirmou.
O comité conclui que o Livre provou estar alinhado com os princípios e os valores dos Verdes Europeus e destaca o seu "dinamismo e ativismo" em matérias como o combate às alterações climáticas, justiça social, direitos humanos e direitos LGBTQ+.
No congresso, em Viena, os delegados vão também votar uma recomendação do comité para que o PAN seja integrado no Partido Verde Europeu, mas com o estatuto de membro associado.
Numa nota enviada à imprensa, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que esta reunião magna "é estratégica, não só porque se realiza um ano antes das eleições europeias de 2024, mas também porque sinaliza a adesão do PAN a esta família política que, mais do que qualquer outra, tem uma missão estratégica: pôr Europa no rumo da justiça social e climática".
No relatório é referida a opinião do PEV sobre as duas adesões, considerando que tanto o Livre como o PAN "não são integralmente partidos ecologistas".
Apesar de não estar a favor, o PEV informou os Verdes Europeus de que "não se vai opor ativamente" às duas adesões.
Notícia atualizada às 14h00