Pandemia contribuiu para "agravamento dos padrões de consumo" de álcool de tabaco
Os portugueses estão a fumar e beber mais. O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências aponta possíveis explicações.
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O consumo de tabaco e álcool aumentou nos últimos cinco anos em Portugal, em parte graças à alteração de hábitos durante a pandemia, considera o diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão.
"No contexto da pandemia, assistiu-se a um agravamento dos padrões de consumo, um abuso de bebidas alcoólicas, sobretudo durante o período de confinamento, que de alguma forma foi incorporado depois no nos hábitos das pessoas e persiste até agora", nota João Goulão, em declarações à TSF.
Quanto à prevalência do consumo de tabaco em Portugal - que, segundo o V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2022, aumentou de 48,8% para 51% entre 2017 e 2022 - pode estar relacionada com "novas formas apelativas de apresentação dos produtos tabaco", nota, especialmente entre os mais jovens.
O diretor do SICAD acredita que a nova lei do tabaco "poderá conduzir a uma redução deste consumo", mas defende sobretudo o "aumento da capacidade de resposta em termos de tratamento".
As medidas necessárias para inverter este cenário passam também pelo esforço "para reorganização das estruturas que lidam com estes comportamentos aditivos e dependências, nomeadamente no âmbito do Ministério da Saúde", defende.
Parte dos inquiridos no estudo da SICAD admitiram estar viciados de jogos online. "Também aqui o período da pandemia ter tido um impacto significativo nos hábitos dos portugueses", nota João Goulão.
"Houve um recurso um muito significativo à utilização das plataformas de Internet e aumento do número de horas passado em frente a ecrãs" que será, "eventualmente, uma decorrência desse período difícil que vivemos", e que "tenderá para algum equilíbrio no futuro", aponta.