Metade dos casos aconteceu na residência, segundo os dados da PSP revelados à TSF.
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A pandemia e o confinamento não fizeram baixar os casos de violência no namoro. Em 2020, o número de denúncias foi idêntico ao de 2019. É o que revela o subintendente Hugo Guinote, coordenador nacional do policiamento de proximidade da PSP.
"Durante o ano de 2020, a Polícia de Segurança Pública registou 2006 denúncias como ocorrência de violência no namoro. Destas 2006, 56% foram reportadas por ex-namorados e 44% por elementos de atuais relações de namoro. A maioria das vítimas são do sexo feminino, na faixa etária dos 18 aos 24. A maioria dos suspeitos são do sexo masculino e com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos", explicou à TSF Hugo Guinote.
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Metade dos casos aconteceu na residência e 27% na via pública. Em vésperas do Dia dos Namorados, a PSP lembra que este é um crime público que deve ser denunciado e, se possível, prevenido. Hugo Guinote revela quais são os sinais de alerta.
"Quando alguém nos injuria, ameaça, ofende, agride, humilha, persegue ou devassa a nossa intimidade, coagindo-nos a fazer qualquer coisa contra a nossa vontade, isso não pode nunca representar um ato de amor, nem tão pouco uma demonstração de afeto ou preocupação, pelo contrário. Demonstra um comportamento que está relacionado com uma necessidade de posse em relação ao próximo e isso é um sinal de alarme", acrescentou o coordenador nacional do policiamento de proximidade da PSP.
"Estes números estão muito aquém da realidade"
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) ainda não fechou as contas relativas a 2020, mas admite que os dados finais sobre violência no namoro venham a espelhar aqueles que a PSP divulgou, esta sexta-feira, à TSF. No entanto, a associação não deixa de afirmar que a realidade será muito mais dura.
Daniel Cotrim, da APAV, lembra que o isolamento que imperou em boa parte do ano anterior fez esconder muitos casos.
"Estes números, particularmente este ano, estão muito aquém da realidade. Temos de ter em atenção que 2020 foi extremamente marcado pela pandemia, isolamento e dificuldade de as vítimas poderem denunciar ou mesmo afastarem-se dos agressores. Não quer dizer que a violência no namoro tenha aumentado porque não podemos dizer através dos números, mas temos a certeza absoluta de que existe uma cifra negra muito maior", explicou à TSF Daniel Cotrim.
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O responsável da associação sublinha que, devido à pandemia, muitos destes casos podem nem estar relacionados com violência física. Mesmo em isolamento e à distância, as relações podem ser abusivas.
"Relativamente também às situações de namoro entre pessoas mais jovens, terão sido marcadas por situações de envio e falta de privacidade de dados pessoais, como fotografias e mensagens. Mesmo à distância, a cibercriminalidade chega também ao domínio das relações afetivas", acrescentou Daniel Cotrim.
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