Millennium regista resultado de 35,3 milhões de euros nos primeiros três meses de 2020. Há um ano conseguiu 153,8 milhões. Covid forçou provisões de 78,8 milhões de euros.
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O Millennium BCP registou um lucro de 35,3 milhões de euros nos primeiros três meses de 2020, numa queda de 77% em relação aos 153,8 milhões atingidos no mesmo período de 2019.
A instituição revela que por causa da pandemia do novo coronavírus registou "por prudência" 78,8 milhões de provisões (dinheiro colocado de parte para fazer face a dificuldades futuras).
O BCP avança que já aprovou cerca de 100 mil moratórias de crédito, das quais 76.700 foram pedidas por famílias, e 23.700 por empresas.
A instituição financeira já aprovou empréstimos no âmbito das linhas de financiamento às empresas lançadas pelo governo no valor de 2,2 mil milhões de euros, o que representa cerca de um terço do montante global disponível nas linhas criadas pelo executivo. Deste total, afirmou o presidente do banco Miguel Maya, "650 milhões de euros já foram desembolsados. Só ontem houve mil desembolsos e a expetativa é que só amanhã haja 1500 desembolsos. A chegada de dinheiro à economia vai entrar num ritmo muito acelerado", assegurou na conferência de imprensa de apresentação dos resultados.
Na opinião do CEO do Millennium, essa rapidez não pode, no entanto, significar menos rigor na concessão de crédito, porque "quando concedemos crédito nestas linhas, estamos a conceder 10% ou 20% dos nossos fundos, mas estamos a conceder 80% ou 90% de risco que é dinheiro dos contribuintes", argumentou.
Em 2019 o Millennium registou um lucro de 302 milhões de euros, que representou o melhor resultado em 12 anos.
A banca nacional antevê um "tsunami" com origem nas moratórias dos empréstimos, com o aumento do crédito malparado, e têm registado desde já provisões nesse sentido. Apenas no final do ano será conhecida verdadeira dimensão do fenómeno.
As flutuação do valor das ações do banco têm demonstrado receio dos investidores.
A Caixa Geral de Depósitos já registou 60 milhões de euros em provisões para as moratórias, enquanto o Santander Totta colocou de lado 30 milhões, enquanto o BPI aprovisionou 32 milhões de euros.