Pandemia impede corso carnavalesco na Bairrada, mas comemorações dos 50 anos saem reforçadas
Carnaval da Bairrada nasceu há 50 anos.
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Em ano de comemoração de 50 anos de Carnaval da Mealhada, a organização que está a cargo da Associação de Carnaval da Bairrada foi a primeira a suspender o tradicional cortejo carnavalesco que, todos os anos, desfila pelas ruas do centro da cidade.
Sem cortejo, tornou-se até mais fácil centrar atenções nas comemorações dos 50 anos deste carnaval, que passam pela criação de um livro com a sua história, uma gala que premeia algumas das suas figuras mais marcantes e ainda a criação de um samba original comum a todas as escolas de samba da Bairrada, uma espécie de "hino" destes 50 anos
O samba enredo foi criado por Alexandre Lopes, ou Xandinho como é conhecido no mundo do Carnaval da Bairrada. Este samba representa uma histórica com 50 anos e escolhe "as palavras certas para passar pelos caminhos todos, sem defraudar ninguém. Foi preciso falar do primeiro desfile, o porquê do rei brasileiro, a saída do centro para o sambódromo e o regresso ao centro" e fala até de uma superstição antiga, que envolve jeropiga e o São Pedro, que pode ouvir na reportagem áudio.
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Uma música que coloca todas as escolas em sintonia e a sambar uma mesma história, reforça Janine Oliveira, presidente da Associação do Carnaval da Bairrada. "Gostámos muito desta ideia de um samba de todos, pois esta direção tem muito em vista a questão da união, não há a escola, a direção ou os participantes x ou y, há um todo", explica.
A primeira ideia para comemorar os 50 anos foi a criação de um livro, que contasse toda esta história. O desafio foi lançado à jornalista Mónica Sofia Lopes. "Vai ter duas centenas de páginas, mas podia ter o dobro ou até mais, porque são dezenas de testemunhos, de direções de escolas, da associação do carnaval, escolas de samba, costureiras, e muito mais. E todos têm a sua história e deram o seu testemunho", afirma a jornalista que baseou a sua pesquisa inicial para o livro em jornais do Arquivo Municipal da Mealhada e, posteriormente, em vários testemunhos que recolheu. Já lá vão 50 anos, mas a jornalista ajuda a lembrar que tudo começou quando estudantes brasileiros em Coimbra foram convidados a recriar na Mealhada a folia, a cor e a vida do carnaval Brasileiro na Mealhada. Cinco décadas depois, em ano em que o carnaval não sai à rua, o momento fica registado em livro.
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Mónica Sofia Lopes é jornalista, natural do concelho onde nasceu o Carnaval da Bairrada, refere ainda outros marcos incontornáveis que aparecem nas páginas do livro que assina: "são tantas as direções com tantos feitos, o surgimento da primeira escola de samba em 1979, depois o Carnaval cresce muito e há direções que levam o carnaval para uma espécie de sambódromo, mas não corre assim tão bem e há outra direção que o traz de novo para o centro da cidade, e depois esta direção que agora numa pandemia tenta fazer coisas diferentes, como uma gala de homenagem que nunca foi feita", diz.
O primeiro grande desafio foi mesmo o de colocar 50 anos em 200 páginas. O único lamento que a autora tem é que o livro não consegue incluir todos os que marcaram os 50 anos do Carnaval, até porque algumas figuras já partiram, como por exemplo "duas grandes pessoas da história, que é o fundador Luís Marques, embora creio que ele não gostasse de ser chamado assim porque via sempre tudo como um esforço conjunto, e o professor Manuel Santos, que não estão cá para contar a história na primeira pessoa".
Para assinalar estes 50 anos, a Associação do Carnaval da Bairrada lançou outro desafio, desta feita a Alexandre Lopes... o Xandinho da Escola de Samba Sócios da Mangueira... a criação de um samba, comum a todas as escolas, que conta uma mesma história...
Na Mealhada, vai ainda surgir uma pintura urbana para criar um símbolo, que será uma ligação direta da região com o Carnaval. Janine Oliveira explica que vai ficar na parede do Pavilhão Gimnodesportivo municipal, que fica voltada para a linha do comboio, junto à estação de Mealhada, para que fique bem visível para os que passam no comboio.
Está prevista também uma gala que assinala os 50 anos do Carnaval da Bairrada, para premiar alguns e algumas dos que marcaram este carnaval ao longo dos anos. As escolas apresentam candidaturas e um júri externo faz depois a seleção dos premiados.