Os parceiros sociais saíram desiludidos e preocupados da reunião com os representantes da troika, que estão em Lisboa para nova avaliação do programa de ajustamento. (com vídeo)
Corpo do artigo
Patrões e sindicatos dizem que os homens do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE), falaram pouco e no pouco que disseram na reunião desta tarde com os parceiros sociais, nunca reconheceram o falhanço das medidas de austeridade.
No final do encontro, Arménio Carlos, líder da CGTP, disse que a troika é cega, surda, e quase muda.
«Creio que neste momento estas reuniões servem mais à troika e ao Governo português para dar a ideia de que estão a ouvir os parceiros sociais, mas depois são surdos, cegos e só não são mudos porque são obrigados a falar», comentou Arménio Carlos, acrescentando que aquilo que transmitiu as membros da troika foi que «ou estas reuniões servem para ouvirem o sentimento das confederações sindicais, ou andam a fazer de conta com a realidade e o futuro do nosso país»
João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio, saiu ainda mais preocupado e convencido de que o caminho é o desastre.
«Nós perguntamos claramente se acreditavam neste Orçamento de Estado, se ele era realista e exequível, e assim sendo como é que se estava já a discutir um corte de mais quatro milhões de euros. A troika deu uma resposta uma pouco incipiente. Disse que sim, que acreditava que estamos face a decisões do Governo português», revelou João Vieira Lopes.
«Saímos daqui bastante preocupados porque pensamos que se vai insistir numa política que vai ter consequências desastrosas quer para a economia, quer para as empresas, quer em termos de desemprego», frisou.
Já o líder da UGT, João Proença, que questionou a troika sobre o corte de quatro mil milhões de euros, concluiu que se trata de uma iniciativa do Governo e não uma imposição da troika.
«Questionamos muito a troika relativamente a uma questão central: o corte de quatro mil milhões de euros. Se confirmam ou não que este valor é iniciativa do Governo e que não faz qualquer sentido falar numa imposição porque esta matéria tem que ser decidida até Fevereiro. Portanto, nós questionamos e eles calaram (...) e quem cala consente», afirmou João Proença.