"Parece-me injusto." Autarca de Vila do Bispo que disponibilizou espaço para migrantes acusa Governo de falta de comunicação
A autarquia informou a tutela de que precisava do espaço livre até esta terça-feira, no máximo. A GNR já começou a encaminhar migrantes para centros de instalação temporária, uma operação que vai decorrer ainda nos próximos dias
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Os 38 migrantes que desembarcaram na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo, na sexta-feira passada, têm sido gradualmente encaminhados para centros de instalação temporária. Enquanto isso, estão no Pavilhão Desportivo de Sagres, disponibilizado pela autarquia de Vila do Bispo, que até à data não foi contactada pelo Governo sobre o futuro destes migrantes: “Parece-me um pouco injusto.”
“A situação era provisória. Não é indicado que as pessoas estejam muito mais tempo e, além disso, o município também necessita do espaço. Vamos ter as festas da localidade”, nota a autarca de Vila do Bispo, Rute Silva, em declarações à TSF.
A GNR indicou esta segunda-feira que três adultos, dois homens e uma mulher, e as três crianças mais pequenas, foram já instaladas em centros de instalação temporária. O encaminhamento dos restantes migrantes vai decorrer na terça-feira e nos próximos dias.
A autarquia não foi tida nem achada nesta situação e soube tudo pela comunicação social: “Até à data ninguém me comunicou. Aquilo que eu tenho acabado por saber é pela comunicação social, porque as entidades responsáveis não entraram em contacto comigo.”
Rute Silva considera “um bocado injusto” que o Governo não comunique com a autarquia, uma vez que foram os primeiros a disponibilizarem-se para ajudar e acolher os migrantes.
Além disso, garante que informou a tutela de que precisava do espaço livre até esta terça-feira, no máximo.
A capitão Joana Machado, oficial de relações públicas da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras da GNR, assegura, também na TSF, que vão continuar a trabalhar para encaminhar os migrantes, mas admite que tem sido uma operação "bastante complexa".
Os 38 migrantes, 25 homens, seis mulheres e sete menores, são todos marroquinos.
O desembarque dos 38 migrantes na praia da Boca do Rio, no concelho de Vila do Bispo, distrito de Faro, levou a Marinha Portuguesa e a Autoridade Marítima Nacional a reforçarem desde sábado a vigilância na costa do Algarve.

