Parlamento debate interpelação do PCP que pede demissão do Governo e PS reúne comissão política
O Parlamento debate esta quinta-feira uma interpelação do PCP sobre a situação do país. Os comunistas vão aproveitar para pedirem a demissão urgente do Governo e a rejeição do programa negociado com a "troika". Hoje há também uma reunião extraordinária da comissão política do PS.
Corpo do artigo
António José Seguro justificou a convocação da comissão política do PS com a situação de tragédia vivida no país, mas não esclareceu se os dirigentes socialistas vão ou não discutir uma eventual moção de censura ao Governo.
Para David Dinis essa será, em função da conjuntura, uma hipótese tentadora para os socialistas, mas o comentador de política da TSF, considera que concretizá-la seria prematuro.
O Parlamento debate também hoje uma interpelação do PCP sobre a situação nacional, com os comunistas a pedirem a demissão urgente do Governo e a rejeição do programa de ajustamento negociado com a 'troika'.
O PCP fará acompanhar a sua interpelação ao Governo de um projeto de resolução exigindo a imediata demissão do executivo e eleições antecipadas, mas ainda não há consenso para que seja votada no final do debate.
A resolução do PCP foi apresentada na quarta-feira em conferência de imprensa, na Assembleia da República, pelo líder parlamentar, Bernardino Soares.
No último parágrafo do documento, o projeto de resolução do PCP considera «indispensável e urgente a demissão do Governo e a convocação de eleições legislativas antecipadas com vista a assegurar a imediata interrupção da atual política e garantir o regular funcionamento das instituições democráticas, no respeito pela Constituição».
De acordo com Bernardino Soares, a maioria PSD/CDS, que seguramente rejeitará a resolução dos comunistas, comunicou ao PCP não colocar obstáculos para que este projeto seja votado imediatamente após o debate em plenário.
No entanto, o PS não teria ainda dado o indispensável consenso para que a votação se faça já hoje, sendo por isso mais provável que o plenário apenas vote a resolução dos comunistas na sexta-feira, dia regimental de votações.
Na conferência de imprensa, o líder parlamentar do PCP deixou vários recados aos socialistas, advertindo que, na atual conjuntura, «ou se está de um lado ou do outro, ou se é a favor da imediata demissão do Governo ou não».
Bernardino Soares recordou que na presente sessão legislativa o PCP já apresentou uma moção de censura ao Governo e que agora, alguns meses depois, «há razões acrescidas para que essa censura seja novamente feita».