Parque de Saúde Pulido Valente tem a única Unidade de Asma Grave do país: resultados têm sido "transformadores"
A unidade dedicada apenas aos doentes com asma grave, uma doença que afeta milhares de pessoas, abriu há pouco mais de três meses, mas doentes e médicos garantem que o serviço tem feito toda a diferença
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Mais de 1500 utentes já passaram pela Unidade Multidisciplinar de Asma Grave (UMAG), criada em maio, no Parque de Saúde Pulido Valente, em Lisboa. É um projeto único no país que junta profissionais de diferentes especialidades com o objetivo de ajudar as pessoas com asma grave a ter uma vida menos condicionada pela doença.
"É a primeira unidade no país a ter uma equipa multidisciplinar e até interprofissional, em que temos, desde psicóloga, a nutricionista, a enfermeira respiratória ou farmacêutico a dar contributos para tratar melhor o doente. É uma doença complexa e difícil. No fundo, o que tentamos fazer é identificar o doente, fazemos uma avaliação multidisciplinar, definimos uma terapêutica multimodal e assim conseguimos ser mais eficazes", explica à TSF Carlos Lopes, pneumologista e coordenador da UMAG, que sublinha também a importância de detetar os casos de asma grave numa fase precoce, e assim evitar que a doença progrida.
Estima-se que 700 mil portugueses têm asma, sendo que cerca de 5% destes indivíduos sofre com asma grave. Nesta nova unidade, os doentes encontram diferentes terapêuticas e um acompanhamento mais próximo, como relata o utente Basílio Martins. Aos 60 anos, depois de uma vida marcada por episódios de crises asmáticas, encontrou um tratamento que lhe permite viver melhor.
A asma grave é uma grande condicionante, eu estava cerca de 80% do meu tempo em crise, a minha voz até mudava, não conseguia dizer uma frese seguida sem respirar no meio, o mínimo esforço era quase impossível. Mas agora todos estes sintomas desapareceram, desde que comecei a tomar as as injeções biológicas, e desapareceram logo a partir do primeiro ou segundo dia em que veio esta nova injeção.
Basílio Martins, que é também membro da direção da Associação Asma Grave, desfaz-se em elogios à equipa da Unidade Multidisciplinar de Asma Grave. "É um serviço muito humanizado, muito centrado no doente", salienta.
O pneumologista Carlos Lopes refere ainda que uma das diferenças nesse serviço é a disponibilidade e o acompanhamento feito pela equipa. "É muito importante conseguimos ter uma equipa que esteja disponível, não digo 24 horas, mas uma grande parte do tempo, para os doentes poderem recorrer caso alguma coisa não ocorra bem", afirma.
Neste momento, estão a ser acompanhados na UMAG cerca de 400 doentes. Chegam à unidade por referência dos cuidados de saúde primários. O pneumologista e coordenador da UMAG espera que em breve este tipo de serviço possa chegar a mais pontos do país.
"Tem sido transformador. É aquilo para que nós fomos treinados, é mudar a vida do doente em pouco tempo. São doentes que têm uma resposta muito rápida a estas terapêuticas e que, realmente, podem mudar a vida do doente e da própria família, do ambiente familiar, aumentar a produção do trabalho, diminuir os dias de absentismo, quer laboral, quer escolar, e, portanto, para nós é muito gratificante", conclui Carlos Lopes.