Parte de Lisboa uma expedição para "reconstruir o clima dos últimos três milhões de anos"
A ideia é estudar o passado para estimar "de forma mais precisa" o futuro do clima.
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É já na quinta-feira, dia 13 de outubro, que parte de Lisboa a expedição 'Paleoclima da Margem Ibérica', que tem como objetivo "reconstruir o clima dos últimos três milhões de anos com particular atenção para os períodos mais quentes e com níveis atmosféricos de CO2 similares aos valores esperados para 2030", assinala o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em comunicado.
Os estudos em causa, frisa o instituto português, serão "uma importante fonte de novos dados que permitirão estimar de forma mais precisa potenciais mudanças de circulação oceânica e de clima num futuro próximo".
A expedição, que se realiza no âmbito do Programa Internacional para a Descoberta do Oceano - IODP, é liderada por David Hodell da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e Fátima Abrantes, investigadora principal com agregação do IPMA, e colaboradora do CCMAR.
Para a investigadora portuguesa, esta expedição "será uma das mais importantes para futuros estudos de paleoclima". A nível pessoal, "é maravilhoso ter esta oportunidade de - antes de me reformar - concretizar um sonho que começou nos primeiros anos da minha carreira", destaca.
Margem ibérica é "zona única"
A escolha da margem Ibérica deve-se ao facto de esta ser "uma zona única, em que os sedimentos debaixo do fundo oceânico, registam de forma fidedigna as condições climáticas observadas nos gelos polares da Gronelândia e da Antártica, permitindo assim, comparações inter-hemisféricas num único local", explica o IPMA.
Além disso, "a elevada taxa de sedimentação possibilita uma resolução temporal na ordem das centenas de anos, enquanto a proximidade da costa ajuda a obter informação sobre o clima no continente".
Na expedição participa uma equipa multidisciplinar de 26 investigadores de dez países (China, Japão, Austrália, Índia, USA, Alemanha, Espanha, França, Portugal e Reino Unido) e técnicos da IODP, os quais trabalham em turnos de 12 horas para analisarem simultaneamente vários parâmetros dos sedimentos que vão sendo recolhidos.
O IPMA refere ainda que o programa vai permitir o contacto com o público através de ligações ao navio durante a expedição, que termina a 11 de dezembro.