"Particularmente preocupante." Refinaria de Sines continuava em 2023 a liderar o top 10 de poluidores
A TAP foi a empresa que mais aumentou as suas emissões de CO2, passando a ocupar o terceiro lugar do ranking, com 1,1 milhões de toneladas emitidas
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A refinaria de Sines continuava a liderar em 2023 o 'top 10' de poluidores em Portugal, apesar de as emissões terem diminuído 14% no conjunto dos '10' face a 2022, divulgou esta terça-feira a associação ambientalista Zero.
Segundo a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável, que se baseou em dados da Agência Portuguesa do Ambiente para fazer o 'ranking' das empresas mais poluentes em Portugal no que toca a emissões de dióxido de carbono (CO2), a refinaria de Sines da Galp mantinha em 2023 a liderança do 'top 10', com cerca de 2,4 milhões de toneladas de CO2 libertados para a atmosfera, apesar da redução de 11% das emissões face a 2022.
"É particularmente preocupante a intenção da Galp de rever (à partida em baixa) as suas metas de descarbonização devido à descoberta de petróleo na Namíbia e à execução mais lenta dos projetos de renováveis", expressa a Zero em comunicado.
Em declarações à TSF, Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, considera que, ainda assim, os valores diminuíram.
"Houve uma redução global se olharmos para o total das emissões destes 10 maiores de cerca de 14%. Mas, se, por um lado, há uma indicação estrutural, ou seja, com maior peso das fontes renováveis, as centrais que produzem eletricidade, recorrendo a gás natural fóssil, estão a diminuir as suas emissões, por outro lado, temos praticamente uma estabilização num outro setor importante, a fabricação de cimento, e um aumento muito considerável da aviação. E no que respeita à refinação, houve uma redução das emissões da refinaria de Sines, que teve um peso grande no cômputo global, que se deveu à maior paragem em uma década desta refinaria", explica à TSF Francisco Ferreira.
O presidente da Zero reconhece que, apesar de os valores estarem a diminuir, ainda falta um longo caminho para a descarbonização.
"Se, por um lado, nós estamos a fazer uma transição para renováveis e isso começa a ser claramente visível, há um conjunto de setores muito difíceis e aqui nós estamos a falar do cimento, onde não é apenas o combustível utilizado nos fornos, mas o próprio processo industrial que está em jogo e na refinação isso também é muito claro. Por último, na aviação não deixa de ser surpreendente este aumento exponencial que estamos a verificar nas emissões, onde, por exemplo, a TAP basicamente aumenta 15% das emissões e isto apenas tendo em conta os voos dentro da Europa. Foi isso que nós contabilizámos, estas contas resultam das emissões que têm de ser declaradas pelas unidades industriais e pela aviação no chamado comércio europeu de licenças de emissão", acrescenta.
No conjunto do 'top 10' dos poluidores, houve uma redução de 14% das emissões de CO2 em 2023, comparativamente a 2022, totalizando cerca de 9,5 milhões de toneladas de CO2 emitidas.
O dióxido de carbono é o principal gás com efeito de estufa, na origem do aquecimento do planeta.
Em 2023, a TAP foi a empresa que mais aumentou as suas emissões de CO2 (15%), passando a ocupar o terceiro lugar do 'ranking' (em 2022 estava na sexta posição), com 1,1 milhões de toneladas emitidas.
No caso da transportadora aérea nacional, apenas entram na contabilidade as emissões feitas em voos entre aeroportos da União Europeia e da Suíça.
A central termoelétrica de Lares da EDP registou a quebra mais significativa das emissões, de 50% face ao ano anterior, mas ainda assim manteve-se no nono lugar, com 365,2 mil toneladas de CO2 emitidas.
O 'top 10' inclui ainda as cimenteiras Cimpor (Alhandra e Souselas), Secil (Outão) e CMP (Maceira-Liz), as produtoras de energia Turbogás (central da Tapada do Outeiro) e Elecgás (central do Pego) e a produtora de cales Lusical.
