A análise dos partidos: os votos contra que o Orçamento já conquistou e os elogios à oitava reação
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As críticas fizeram-se ouvir em uníssono (pela oposição, da esquerda à direita) e só à oitava reação (a do PS) se escutaram palavras de apreço ao Orçamento do Estado apresentado pelo Governo. Só a Iniciativa Liberal e o PCP assumiram, desde já, que o voto dos oito deputados será contra, mas os restantes grupos parlamentares para lá caminham.
Se o início da tarde começou com a entrega do Orçamento no Parlamento, o decorrer do dia trouxe as reações dos partidos que começaram ainda durante a conferência de imprensa de Fernando Medina com os detalhes da proposta. O Chega foi o primeiro a pronunciar-se, com André Ventura a resumir o documentos em duas palavras: "remendos e propaganda".
"Há remendos, algum eleitoralismo e muita propaganda neste Orçamento do Estado, com vários anúncios que não são corretos", resumiu André ventura.
O Chega não se compromete já com o voto contra, "tem de analisar com profundidade o documento", assim como o PSD, apesar de Luís Montenegro já ter admitido que "é quase certo" que o maior partido da oposição vai opor-se à proposta do Governo.
O líder parlamentar social-democrata, Joaquim Miranda Sarmento, diz que o Governo "nada a reboque do PSD", saúda a redução do IRS, mas lamenta que a descida não aconteça já em 2023. E avisa que os impostos, ao contrário do que diz o Governo, vão aumentar
"Os orçamentos do Governo do PS habituavam-nos a que, pelo menos no papel, a carga fiscal reduzia-se. Terminada a execução, verificava-se que tinha aumentado. Agora já nem no papel a carga fiscal se reduz", lamentou.
Primeiro voto contra é da IL (sem surpresas)
Pouco depois da entrega do Orçamento do Estado, na Assembleia da República, o primeiro anúncio (sem surpresas) contra o documento foi da Iniciativa Liberal, nas redes sociais. Foi Rui Rocha que anunciou o sentido de voto, poucos minutos depois da publicação do documento
O presidente do partido escreveu que trata-se de um "documento sem ambição e sem visão estratégica que não abre qualquer horizonte de esperança aos portugueses". "Não representa crescimento económico para o país e não apresenta soluções para o colapso dos serviços públicos", acrescentou.
PCP opõe-se a documento que "caminha para a pobreza"
"Se nada mudar", também os comunistas vão votar contra o Orçamento do Estado, e avisam que a proposta "limita os salários e as pensões", além de "prolongar a degradação dos serviços públicos". A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, diz até que o investimento é insuficiente.
"É uma proposta que merece e vai merecer o combate do PCP, mas também a nossa intervenção com propostas e soluções concretas", disse.
E, pelo Bloco de Esquerda, as críticas também fizeram-se ouvir, por Pedro Filipe Soares: "Há uma incapacidade do Governo de garantir serviços públicos de qualidade, essenciais às pessoas, pelas quais as pessoas pagam e sobre as quais têm direito".
O PAN até admite que as contas certas existem, mas só "para Bruxelas" e não "um orçamento de contas certas para as famílias". Já o Livre, de Rui Tavares, vê nesta proposta um recuo face aos tempos da geringonça, apesar do excedente orçamental, o maior dos últimos 50 anos.
Elogios só do PS (que lança desafio à oposição)
Os elogios ao Governo só surgiram à oitava reação, pela voz da deputada socialista Jamila Madeira, que traçou um quadro de "aumento dos salários e das pensões" e salientou o trajeto do Governo para reduzir a dívida pública.
De acordo com a socialista, o documento "vai além das propostas do PSD", desde logo, para a redução do IRS, e deixou uma desafio aos que criticam o Governo: aprovem o Orçamento do Estado.
"De facto, essa convergência já está feita e já está claramente assumida, só falta mesmo à oposição fazer o reconhecimento dessa evolução e desse apoio e, naturalmente, votar a favor no dia da votação do Orçamento do Estado", apelou.
Certo é que os 120 votos dos deputados socialistas serão a favor do Orçamento para o próximo ano, pelo que o documento tem aprovação garantida. A maratona orçamental termina no final de novembro, com a votação final global.
