PS, PCP e BE associam, ainda que com argumentos distintos,o executivo à crise que se vive na televisão pública.
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O Bloco de Esquerda, através da deputada Mariana Mortágua diz que o conselho independente, que pede a demissão do conselho de administração de Alberto da Ponte, foi «a forma do Governo contornar as obrigações legais que tinha de manter a RTP como um canal independente e controlar, de forma indireta, as decisões tomadas pela RTP».
Mariana Mortágua frisou que o conselho independente é, afinal, «um conselho dependente do Governo».
O Bloco deixa também críticas à administração da RTP considerando que «tudo o que fez até agora, a mando do Governo, foi a destruição do serviço público e a tentativa de tornar a RTP um canal igual a todos os outros, contrariando o seu caráter público, o seu caráter diferenciador».
Já depois destas declarações, uma fonte do BE anunciou que esta força política vai pedir a presença no parlamento do ministro Adjunto, Miguel Poiares Maduro, a administração cessante da RTP e o conselho independente do canal público sobre a destituição da equipa liderada por Alberto da Ponte.
Pelo PS, a deputada Inês de Medeiros disse hoje que o PS não toma qualquer parte no conflito entre a administração da RTP e o Conselho Geral Independente, mas responsabilizou o Governo «pela confusão».
«O que nós lamentamos é que na origem desta confusão, mais uma vez, esteja quem? O Governo», disse a deputada.
«Na base deste conflito está a ação do próprio Governo. É o Governo que mistura a questão do plano estratégico com a questão da compra dos jogos da liga dos campeões», afirmou, manifestando estranheza pela posição já expressa, em comunicado, pelo gabinete do ministro da tutela, Poiares Maduro.
«O PS acha estranho esta posição. Há um mês o ministro achou que [a compra dos jogos da Liga dos Campeões] era uma boa opção, o que é que o levou a alterar a sua posição. E tanto mais se esse é o seu fundamento da sua aceitação agora [da destituição da administração da RTP]», disse a deputada do PS.
O deputado do PCP João Ramos afirmou que « o que sucedeu hoje veio ao encontro do que o PCP disse quando foi criado o Conselho Geral Independente é que de independente ele não tinha nada. O que o Conselho Geral Independente faz é seguir as orientações do Governo».
João Ramos ressalvou que o PCP «tem sido muito crítico» quanto às opções do conselho de administração da RTP, no que diz respeito «ao despedimento de pessoal, aos cortes na capacidade de produção de conteúdos da RTP» mas, frisou, a proposta do órgão de supervisão para destituir a administração «é uma matéria diferente que tem a ver com a governamentalização» da RTP.