"Passaram fome, crises e problemas sociais." A revolta dos vidreiros foi há 85 anos
Tudo aconteceu na noite de 17 para 18 de janeiro de 1934. Na Marinha Grande, trabalhadores da indústria vidreira levantaram-se para fazer frente ao autoritarismo do Estado Novo de Salazar. A revolta ainda hoje é celebrada.
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Começamos com uma fotografia de 1934. Na imagem, com 85 anos, veem-se os regimentos de infantaria e de artilharia de Leiria. Foram chamados para controlar a revolta dos operários do vidro na Marinha Grande. Hoje, estão estacionados no largo onde da Câmara Municipal.
Tratou-se de uma revolta, de uma revolução, ou de uma insurreição: a história atribui estes três nomes àquilo que se terá passado um pouco por todo o país, embora com maior expressividade na Marinha Grande.
Todos os que integraram esta rebelião já faleceram, por isso as comemorações começam, todos os anos, com uma deslocação ao cemitério, para honrar aqueles que, na altura, tentaram fazer frente ao autoritarismo do Estado Novo e de Salazar.
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Na Marinha Grande existe uma Casa Museu para lembrar este dia e o seu significado. "Tem retratado um pouco aquilo que foi a história dessa altura e a ida dos vidreiros para a prisão do Tarrafal, em Cabo Verde", explica Cidália Ferreira, a autarca local.
Uma Casa Museu que está cedida à Confraria da Sopa do Vidreiro - um dos pratos que os vidreiros comiam nas fábricas. "Uma sopa de bacalhau, típica dos vidreiros, que passámos a chamar assim depois da criação da confraria em 2007", explica Luís Abreu e Sousa, da Confraria
"Passaram vários problemas, greves, crises e problemas sociais", refere Luís Abreu e Sousa. A revolução aconteceu na noite de 17 para 18 de janeiro, com "muito associativismo e união das pessoas porque sofria-se em conjunto". Uma união que existe ainda hoje, sublinha Luís Abreu e Sousa. "É um chamamento interior, não tem a ver com chamamentos políticos", refere.