Passe único não resolve tudo. Conforto fala mais alto na hora de escolher o transporte
Governo põe todas as fichas no novo passe único, mas o presidente da Área Metropolitana do Porto considera que a medida não é suficiente para mudar as opções de transporte dos cidadãos.
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O presidente da Área Metropolitana do Porto alerta que o passe único para os transportes públicos não resolve todos os problemas de mobilidade. Ouvido pela TSF, esta quarta-feira, Eduardo Vítor Rodrigues reconhece que andar de carro chega, muitas vezes, a ser mais barato do que utilizar os transportes públicos.
O Inquérito à Mobilidade, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, revela que o automóvel continua a ser o principal meio de transporte utilizado pelos portugueses.
De acordo com os dados do INE, o automóvel foi utilizado em 67,6% das deslocações semanais no Grande Porto e em 58,9% na Grande Lisboa, enquanto os transportes públicos representaram apenas 11,1% e 15,8%, respetivamente.
Em declarações à TSF, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, defendeu que a implementação dos passes sociais únicos, mais baratos, irá marcar o ponto de viragem na escolha dos cidadãos portugueses para os meios de transporte.
"A fatura da mobilidade é importante", admitiu José Mendes. O secretário de Estado acredita que o novo passe, previsto no Orçamento do Estado de 2019, irá fazer com que as pessoas pensem que "é claramente mais económico usar os transportes públicos".
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Mas o presidente da Área Metropolitana do Porto, e também autarca de Vila Nova de Gaia, considera que a escolha do automóvel não é apenas uma decisão financeira e que é preciso, também, apostar na qualidade dos serviços, para fazer com que os portugueses optem pelos transportes públicos.
"Não é apenas uma questão financeira. Começa por ser uma questão de conforto mínimo", afirmou Eduardo Vítor Rodrigues.
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Também a questão ambiental deve ser revista, nos atuais meio de transporte em circulação, defende o presidente da Área Metropolitana do Porto. "Temos a circular, nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, autocarros que têm 30 anos, que já vieram importados de outros países da Europa em condições-limite e que estão a circular com um rasto de poluição que é evidente para todos", concluiu.