Falar em ultimato não é a palavra certa para os credores, mas o primeiro-ministro português entende que os gregos estão cada vez mais mais pressionados para aceitarem a proposta que está em cima da mesa.
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"É óbvio que à medida que o tempo passa a presão política e financeira para que haja um acordo vá aumentando, mas é preciso que esse acordo seja efetivo, isto é, que na prática permita resolver os problemas da Grécia e permita que a Grécia possa regressar ao financiamento de mercado", afirmou Pedro Passos Coelho numa conferência de imprensa no final de um Conselho Europeu.
Os credores querem que o governo grego aceite uma extensão do programa por mais cinco meses a troco de novos desembolsos em parcelas que, no total, podem ultrapassar o 15 milhões de euros.
Sobre a ideia apontada por Alexis Tsipras de que Portugal e Irlanda tiveram um tratamento de exceção por parte da troika, que não é permitido à Grécia, Passos diz que pelo contrário é com o governo grego que tem havido mais flexibilidade.
"Nem a Irlanda nem Portugal beneficiaram de tal flexibilidade nas negociações com a 'troika'. Tudo aquilo que eram objetivos que estavam no segundo programa da Grécia foram largamente abandonados. Não foram marginalmente alterados, como foi no nosso caso, foram largamente abandonados", enfatizou.
Rejeitando assim a ideia de "uma discriminação negativa em relação à Grécia", Passos Coelho opinou que, "antes pelo contrário", até é possível constatar que, "tem havido, por razões que são compreensíveis, pois a Grécia tem revelado outros problemas, uma flexibilidade muito maior do que aquela que existiu" com os casos de Portugal e Irlanda.
"Não creio que seja possível ser mais flexível" com a Grécia, disse, referindo-se àquilo que foi transmitido aos líderes europeus pelas instituições quanto ao atual estado das negociações, que permanecem num impasse.
Segundo o primeiro-ministro, "o problema não está exatamente no valor financeiro associado às medidas que estarão a ser negociadas, embora haja aí ainda alguma divergência", mas "a diferença que é significativa é que, face à grande flexibilidade que já foi adotada pelas instituições, continua a não existir uma dimensão estrutural no programa que possa antever acreditar junto dos mercados e dos cidadãos de que o programa possa ser cumprido satisfatoriamente".
Passos Coelho indicou que as "instituições estão muito firmes quanto à ideia de que, sem uma dimensão estrutural adequada e sem estabilidade financeira, a questão orçamental só por si não resolverá a situação da recuperação da economia grega".
Passos Coelho disse ainda que agora fica "a aguardar a reunião que o Eurogrupo vai ter" no sábado, e argumentou não fazer sentido "estar a adiantar qualquer outro elemento" até haver "indicações precisas sobre o desfecho dessas negociações".
Os ministros das Finanças da zona euro voltam a reunir-se no sábado, a partir das 14:00 de Bruxelas (13:00 de Lisboa) num encontro, o quarto da semana do Eurogrupo, apontado já por diversos líderes como "crucial", já que o programa de assistência a Atenas expira na terça-feira, data em que a Grécia deve também pagar 1,6 mil milhões de euros ao FMI.