O primeiro-ministro considerou hoje que "há algumas lições" a tirar do caso grego, depois de o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, ter equiparado o PS ao Syriza.
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Durante o debate quinzenal, no parlamento, Luís Montenegro acusou os socialistas de inconsistência programática, defendeu que é preciso rejeitar a "mudança errática, acrobática, radical do PS e do Syriza", e questionou o primeiro-ministro sobre um eventual agravamento da situação da Grécia.
Na resposta, ressalvando que espera "que esta história que começou mal possa acabar bem", Pedro Passos Coelho considerou que "há algumas lições" a tirar do caso grego: "A primeira é a de que processos de negociações que arrastem um nível elevado de incerteza têm custos políticos, sociais e económicos elevados".
O primeiro-ministro sustentou que "a Grécia não está hoje seguramente melhor do que estava há meio ano", e afirmou: "Justamente, nós não quisemos sair esse caminho nem essa abordagem. As escolhas políticas que fazemos têm consequências. E essas consequências normalmente são pagas pelos próprios e pelos vizinhos".
Em seguida, Passos Coelho enalteceu a atuação do Governo PSD/CDS-PP: "As lições desse processo, nós, sem as conhecer antecipadamente, desconfiávamos de quais seriam. E foi essa a razão por que nos batemos durante todos estes anos para que o programa português funcionasse e fechasse. Eu cheguei a dizer 'custe o que custar', porque o custo que se paga quando não se fecha o programa é muito mais importante, muito mais pesado, muito mais difícil de digerir".
Passos Coelho acrescentou que o executivo se empenhou em criar "menos défice orçamental, para travar a evolução da dívida". Perante um ruído de protesto das bancadas da oposição, reiterou: "Travámos a evolução da dívida, porque ela tenderá a descer a partir deste ano, por mais barulho que a oposição faça".
Quanto à Grécia, segundo o primeiro-ministro, há "sinais de que tem havido progressos e de que seja possível chegar a um entendimento" entre o Eurogrupo e o Governo Grego, o que seria "importante para toda a Europa".
Contudo, salientou que as condições de um eventual acordo devem respeitar "as regras europeias", que garantem "igualdade de condições" entre os Estados-membros, e reafirmou que Portugal está preparado "para a volatilidade financeira que possa estar associada à crise da Grécia".
A propósito da situação da Grécia, o líder parlamentar do PSD dedicou toda a sua intervenção a criticar o PS, a quem atribuiu uma "postura errática, oportunista e imediatista" e de "acrobacia política".
Depois, Luís Montenegro reclamou que "as mudanças que, de facto, valem a pena" são protagonizadas pela coligação PSD/CDS-PP, tanto em Portugal como na União Europeia: "Mudanças pensadas, mudanças estruturadas, mudanças estruturais".
Considerando que a União Europeia deve "tirar ensinamentos da crise", o social-democrata defendeu que "o contributo para a Europa que o Governo português e o senhor primeiro-ministro têm dado é o contributo certo, por exemplo, quando propõem a criação de um Fundo Monetário Europeu".