Numa análise à crise política dos últimos dias em Portugal, Carlos Jalali diz que é difícil dizer se as divergências entre CDS e PSD foram definitivamente ultrapassadas.
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O politólogo Carlos Jalali entende que o primeiro-ministro somou uma «derrota política» na reunião de sexta-feira do Conselho de Estado, onde houve um «recuo» em relação à TSU.
Em declarações à TSF, este professor da Universidade de Aveiro lembrou que a atual «crise política centrou-se, em larga medida, nas medidas propostas pelo primeiro-ministro há 15 dias e desenvolvidas pelo ministro das Finanças na semana seguinte».
Este polítólogo entende ainda que as «divergências» entre PSD e CDS que se tinham tornado óbvias «foram ultrapassadas» após uma reunião entre as direções dos partidos da coligação governamental na quinta-feira.
«Se é verdade que foram ultrapassadas no imediato, a questão que se coloca é até que ponto é que foram ultrapassadas definitivamente. É difícil não pensarmos que existirão sequelas políticas internas dentro do Governo em relação à crise destas duas semanas», adiantou.
Para Carlos Jalali, a «relação de confiança entre os dois parceiros de coligação ficou abalada e sabemos que não é fácil restabelecer relações de confiança», esperando uma «negociação difícil» entre os dois partidos sobre as medidas que vão substituir as mudanças na TSU.
Outra das questões que este politólogo coloca é «o que fará o Governo quando tiver de tomar mais à frente sobretudo se os resultados de implementação das medidas atuais ficar aquém daquilo que é esperado, como aconteceu com a execução nestes 15 meses de Governo».
«O cenário de tensões adicionais ao Governo coloca-se e a saúde deste Governo sai inquestionavelmente debilitada desta crise, independentemente do que saiu do Conselho de Estado», concluiu.