A diplomacia ambiental movimenta-se "a passos de tartaruga", esta expressão é do antigo ministro do ambiente do Brasil, José Goldemberg.
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Recentemente esteve em Lisboa, para o debate sobre o futuro, organizado pela Fundação Champalimaud, um dos políticos brasileiros mais ligados às questões ambientais. José Goldemberg foi ministro do Ambiente durante a Cimeira do Desenvolvimento Sustentável, em 1992, a chamada Cimeira da Terra aprovou um conjunto de convenções ambientais, entre elas a Convenção do Clima que está a ser revista em Paris.
Numa entrevista à TSF, José Goldemberg admite que as negociações de Paris vão correr melhor do que no passado. A"conferência de Paris reúne-se com perspetivas melhores do que aquelas que tivemos no protocolo de Quioto", porque "o protocolo de Quioto foi um fracasso".
Para José Goldemberg o fracasso de Quioto tem a ver com a não inclusão dos países em desenvolvimento nas metas de redução de gases de efeito de estufa. No entanto, para se chegar a Paris, a diplomacia ambiental enfrentou também o fracasso de Bali e de Copenhaga o que para o antigo ministro brasileiro só tem uma leitura: "a diplomacia ambiental está movimentando-se a passos de tartaruga".
Isto acontece porque "há outros problemas no mundo que parecem mais urgentes" como o terrorismo e a crise economica mas, "se não olharmos para o futuro seguiremos um caminho que vai agravar os problemas", adianta o antigo ministro.
Apesar destes passos de tartaruga desde 1992, José Goldemberg defende os méritos da Cimeira da Terra porque a "conferência do Rio criou uma consciencialização global e a posição de Estados, como a China evolui. A China e os Estados Unidos lideram agora o processo de redução das emissões" de gases de efeito de estufa.
Assim, o Rio 92 pôs o mundo a pensar de outro modo as questões ambientais. "Num desenvolvimento sem efeitos colaterais".