
MIGUEL A. LOPES/LUSA
O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje que a disciplina nas contas públicas é uma questão de regime, reiterando a tese de que, nesta matéria, não há esquerda nem direita.
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«Essa responsabilidade devia ser hoje apartidária, porque é uma questão de regime. Sem responsabilidade é o regime que está em causa», declarou Passos Coelho, numa sessão evocativa dos antigos primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, que morreram na queda de um avião a 04 de dezembro de 1980.
Perante a plateia de sociais-democratas e centristas que assistiram a esta sessão, realizada num hotel de Lisboa, o primeiro-ministro acrescentou: «Podemos divergir em muitas coisas, achar que o Estado deve ser mais assim ou mais assado, mas sem contas certas, o que temos é impostos e sacrifícios».
«E nós não queremos ter nem mais impostos nem mais sacrifícios, porque não queremos voltar a passar por aquilo que todos os portugueses passaram nestes anos», prosseguiu.
Segundo Passos Coelho, há «sinais evidentes» de que está ultrapassada a «emergência financeira, social» em Portugal, mas apesar disso a disciplina nas contas públicas tem de se manter, «não é coisa para um ano, ou dois ou três».
Depois de defender que «é o regime que está em causa», o presidente do PSD observou que «o regime é menos vulnerável do que muitos pensam», ou antes, «as vulnerabilidades do regime não são exatamente aquelas que muitos pensam».
Apelando ao «realismo, responsabilidade e bom senso», o primeiro-ministro concluiu: «A maior vulnerabilidade que temos é a de podermos ser suficientemente responsáveis para garantir o futuro. Passámos por essa experiência há pouco tempo».
Esta sessão evocativa de Sá Carneiro e Amaro da Costa foi promovida em conjunto pelos dois partidos que suportam o Governo, e contou também com uma intervenção do presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
Passos Coelho foi o segundo a falar e no seu discurso elegeu a «sustentabilidade» da economia e a «natalidade» como duas prioridades que justificam "projetos coletivos" e deixou uma mensagem em defesa do fortalecimento e da credibilização das instituições.
«Não estamos, portanto, em fase de atacar as instituições quando nos dá jeito e defendê-las nos intervalos: as instituições têm de ser defendidas sempre», afirmou.
O presidente do PSD terminou a sua intervenção em tom de mobilização interna: «Agora, é preciso não esmorecer simplesmente porque alguém acha que o futuro já pode valer a pena. Vale a pena, sim senhor. Fizemos nós muito por isso, fizeram os portugueses muito por isso, e estou certo continuaremos a fazer todos muito por isso».