O projeto Revitalgarve está a fazer a experiência em quatro rebanhos da região do Algarve
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Em Algoz, no concelho de Silves, o senhor José Eduardo tem perto de 150 ovelhas de raça autóctone algarvia num cercado. São as ovelhas churras que se caracterizam pelos seus longos chifres. Os balidos dos animais ouvem-se mal se chega perto. Dois vão servir de cobaias no projeto Revitalgarve, que irá utilizar tecnologias de geolocalização e monitorização para o controlo de rebanhos. O sistema consiste em colocar no pescoço da ovelha uma coleira que transporta a tecnologia. Os animais não param de se mexer, mas com a ajuda do cão pastor e de umas baias metálicas, dois são isolados e é-lhes colocada a coleira.
João Cassinelo, coordenador do projeto Revitalgarve, lembra que o trabalho dos pastores é muito exigente e este projeto vai facilitar-lhes a vida, permitindo-lhes saber onde andam os animais. Com este sistema os pastores têm no seu telemóvel 24 horas por dia a localização do rebanho. Sempre que uma ovelha se afasta há também uma espécie de "cerca virtual" que dá um sistema de aviso no telemóvel do pastor.
"Estas são unidades de referência para mostrar aos outros pastores que a tecnologia pode ser um contributo importante para melhorar as condições do seu trabalho", refere. Além de saber a localização do rebanho e em que pastagens estão, a intenção é levá-las para locais de modo a que elas ajudem na limpeza dos terrenos para os tornar mais resistentes ao fogo.
Este projeto-piloto precisa, no entanto, de ser melhorado, visto que ainda há zonas sombra em parte do barrocal e na serra onde o sistema GPS não consegue chegar.
José Eduardo, o dono do rebanho, percebe pouco de tecnologias e tem um telemóvel ainda de primeira geração. Confessa que será a irmã a acompanhar este projeto através do seu telefone, mas acredita que ele ajudará a controlar a entrada de cães vadios que constantemente atacam o seu rebanho. "Só este ano já foram umas quantas [ovelhas] mortas", lamenta. "Pelo menos vou saber onde elas andam", acredita.
Vai ser implementado em quatro rebanhos no Algarve, três de ovelhas e um de cabras. Este projeto tem o apoio de 12 entidades, entre elas a Universidade do Algarve.