O debate do PSD sobre migrações ficou marcado pela primeira pateada do ano no hemiciclo da Assembleia da República ao deputado Bruno Nunes, do Chega, que disse que a intervenção da liberal Patrícia Gilvaz "envergonhava as mulheres".
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Não é inédito, mas é a primeira vez neste ano de 2022 que todas as bancadas reagem com uma pateada a um comentário misógino lançado pelo Chega. Bruno Nunes disse que Patrícia Gilvaz, deputada da Iniciativa Liberal, tinha expressado uma opinião na tribuna que "envergonhava as mulheres".
Perante um à parte da deputada, Bruno Nunes durante a intervenção diz que "a senhora deputada tem uma dificuldade com as interpretações neste Parlamento". "Mas a si não vou responder, basta ver como envergonha as mulheres de cima daquele púlpito", ataca Bruno Nunes começando a levantar-se o desagrado com o comentário em todas as bancadas e que culmina na pateada quando continua: "digo e repito: alguém que diz que a prostituição é um direito...".
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Prontamente, o presidente da Assembleia da República pediu silêncio na sala e dirigiu-se a Bruno Nunes pedindo para fazer "o favor de não usar estas expressões em relação a nenhum dos colegas".
No entanto, o deputado do Chega termina o argumento a dizer que "envergonhar alguém e dizer que alguém envergonha alguém não é ofensa para ninguém". "Sinto-me envergonhado quando alguém defende a prostituição, é um direito que me assiste, não considero que tenha sido sequer uma ofensa para nenhum dos deputados", defende-se.
Acontece que o tema da prostituição nem sequer foi mencionado em nenhum momento deste debate. Fonte da Iniciativa Liberal esclarece à TSF que ter-se-á tratado de um debate de uma petição em junho. Nesse mesmo debate, a deputada Patrícia Gilvaz deu voz à posição do partido de que deve haver "uma regulação saudável" da prostituição.
Bloco de Esquerda sai em defesa da deputada liberal
Antes do encerramento do debate, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda ainda utilizou o tempo que restava ao partido para um ataque ao Chega que mereceu o aplauso das diferentes bancadas.
Acusando Bruno Nunes de "preconceito contra as mulheres", Pedro Filipe Soares sublinhou que o deputado do Chega "não tinha a coragem de dizer que um homem o envergonhava como homem". "Mas eu digo-lhe: envergonhou-me a mim, como homem, o machismo da sua intervenção", vinca.
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"A senhora deputada defende as suas posições e eu posso não concordar com elas, mas respeito-a por quem a elegeu, por quem ela é e por todas as mulheres que ajudam este país a ser melhor, ao contrário do senhor deputado e do Chega", continua o líder parlamentar bloquista.
Para o deputado, a atitude do partido foi vergonhosa e de preconceito "do início ao fim do debate". "Se alguém envergonha não só o Parlamento, não só a classe política, mas o país que deve muito aos imigrantes, que tem em quase todas as famílias pessoas que tiveram de sair do país pela política fascista que vocês defendem, foram vocês. A vergonha deste país é o Chega", conclui Pedro Filipe Soares.