É do que resta de carvalhos, castanheiros e choupos que nasce a exposição "O tempo das árvores", do escultor Paulo Neves, patente a partir desta sexta-feira em Serralves.
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Aproveitando árvores mortas em Trás-os-Montes ou em Oliveira de Azeméis, o escultor Paulo Neves decidiu criar um conjunto de obras que pretende provar que há vida para além do fim. Depois de queimados - ou simplesmente caídos nas florestas -, carvalhos, castanheiros e choupos ganham agora um novo propósito e podem ser vistos até setembro em Serralves, sob o mote "O tempo das árvores".
"Há um tempo para tudo, as árvores têm um tempo como nós. Depois de mortas, por que não pegar nelas e ressuscitá-las?", questiona Paulo Neves. Foi isso mesmo que o artista fez ao longo de um ano de trabalho.
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Tanto no parque, como nos antigos celeiros e na antiga adega, em Serralves, é possível ver a partir desta sexta-feira peças disformes, que representam o desmembramento das árvores: troncos negros, cortados às rodelas, ou ramos que demonstram a passagem do tempo.
"É um trabalho que tem a ver com aquilo que tenho vindo a desenvolver ao longo dos 40 anos de carreira", confessa Paulo Neves, que desde sempre usa a madeira como matéria prima.
As obras estão expostas tanto no interior como no exterior, num local que está envolvido pela natureza e que segundo a diretora do Parque de Serralves vive em sintonia com a exposição.
Helena Freitas considera "fascinante" a ideia de Paulo Neves ter utilizado árvores "destruídas pelo fogo ou cortadas porque é preciso construir uma estrada" para lhes dar "uma segunda vida".
São três dezenas de obras que marcam também o centenário do Parque de Serralves. "O Tempo das árvores" está patente até ao dia 30 de setembro.