PCP critica "demora e hesitação" e recusa discutir OE2022 sem que o atual seja aplicado
Os comunistas recusam falar no Orçamento do Estado para 2022, sem que os problemas atuas sejam resolvidos.
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O PCP acusa o Governo de estar a limitar a execução do Orçamento do Estado para 2021, negociado com os comunistas. O partido exige que as medidas sejam aplicadas, e sem querer falar em futuras negociações, admite que os problemas deste ano têm de ficar resolvidos.
Jerónimo de Sousa já se tinha mostrado alarmado quanto à posição do Governo, e desta feita foi o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, a reforçar que ainda não há resolução à vista para os problemas identificados, como a contratação de mais funcionários públicos e a execução de apoios, nomeadamente na cultura.
"Tanta demora, tanta hesitação quando se trata de mobilizar apoios sociais a quem deles necessita. Contratar trabalhadores em falta no serviço público ou apoiar os pequenos empresários e trabalhadores da cultura", apontou em conferência de imprensa. Contrastando com "o empenho e celeridade com que se mobilizam milhões de euros para o Novo Banco, EDP, Galp ou outros grupos económicos".
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O deputado qualificou de "verdadeiramente escabrosas" as situações resultantes da não contratação de trabalhadores para os serviços públicos "absolutamente cruciais", e voltou a perguntar: "Para que é que o Governo quer o Orçamento aprovado, se depois não o executa?", questionou.
João Oliveira admite que alguns problemas já foram resolvidos, pela força do PCP nas reuniões com o Governo, mas a avaliação ainda não tem nota positiva. "Constatamos que as medidas de aplicação direta tiveram um impacto que ninguém consegue negar. As que ficaram dependentes do Governo, estão a ser limitadas e a encontrar inúmeros obstáculos", explicou.
Os comunistas não querem falar em orçamento para 2022, sem que o atual seja aplicado. Mas mesmo com intransigência do Governo, prometem continuar a defender os interesses dos portugueses.
"Antes de se começar a discutir o Orçamento para 2022, é preciso que estas questões tenham resposta, em função da realidade e dos problemas. Vamos continuar a exigir e a insistir que as medidas inscritas no Orçamento sejam cumpridas", garantiu.
O secretário -geral do PCP já tinha alertado que o Orçamento para este ano é "uma questão central" para os comunistas.
"Nós não estamos a discutir o futuro Orçamento para 2022, nós ainda estamos na fase da necessária concretização do que foi aprovado em 2021, não podemos queimar etapas, é necessário que o Governo assuma a responsabilidade de várias medidas ainda por concretizar", defendeu Jerónimo de Sousa no passado sábado.
Para o líder comunista, "será precipitado, no mínimo, e ficará no plano analítico tentar discutir um Orçamento que não existe e deitar borda fora muitas das questões económicas e sociais que foram aprovadas, muitas delas por proposta do PCP".
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