O PCP diz que os representantes da 'troika' mostraram «insensibilidade social» face aos problemas do país, frisando que «tudo corre mal» menos a recapitalização da banca. Uma opinião partilhada pelo BE. Já os partidos da direita saíram do encontro com um sentimento diferente.
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«Continuamos a encontrar nos representantes da 'troika' uma parede insensível quanto às questões com que o país hoje se defronta e aos principais problemas das pessoas», afirmou o deputado comunista Miguel Tiago, em declarações aos jornalistas, no Parlamento, no final de uma reunião com os representantes da 'troika', no âmbito da sétima avaliação do programa de ajustamento.
De acordo com o deputado comunista, os representantes do BCE, Comissão Europeia e FMI foram «muito claros no que toca ao que corre bem» que é «a recapitalização da banca» mas nada disseram quanto ao desemprego e à queda da procura interna.
«A expressão utilizada foi 'correu bem', a banca está mais robusta. Corre bem a concertação de riqueza e tudo o resto corre mal», criticou Miguel Tiago.
O deputado disse ter verificado que «para o desemprego, para a queda na procura não há uma única palavra», afirmando que a «insensibilidade social continua a marcar fortemente as reuniões».
Na mesma linha, o deputado do Bloco de Esquerda Luís Fazenda sublinhou o «tom de inflexibilidade» por parte dos representantes da 'troika', considerando que há «uma espécie de auto-absolvição».
Relativamente à possibilidade de reestruturar a dívida portuguesa, que o BE defende, Luís Fazenda disse que «a 'troika' foi claríssima: não pode haver reestruturação da dívida, não deve haver, porque isso prejudicaria muito a situação da banca».
Para o deputado bloquista, os representantes da 'troika' em Portugal continuam a manifestar uma «enorme preocupação com a sustentabilidade da banca e com a capacidade de acesso da banca aos mercados».
Do lado do PSD, Miguel Frasquilho admitiu que o programa está a ter resultados mais negativos do que se previa, adivinhando-se agora margem de abertura para alterações.
De igual modo, Cecília Meireles, do CDS, defendeu mais tempo para cortar na despesa e no défice.