"PCP não está a prazo" e "não será possível uma alternativa política sem os comunistas"
Jerónimo de Sousa disse que podia ficar "mais um bocadinho" como secretário-geral do PCP e assim será. Depois de reeleito, o líder comunista encerrou o Congresso deixando claro que o partido "não está a prazo".
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Num discurso curto, focado na ideia de que o PCP se mantém vivo, que "não está a prazo" e de não existe uma alternativa política sem os comunistas, Jerónimo de Sousa encerrou o XXI Congresso do PCP, contra muitas críticas, num contexto diferente e onde o partido fez questão de cumprir todas as regras sanitárias.
"Não estamos aqui a prazo datado nem em período experimental, mas sim disponíveis para fazer o que temos de fazer", atirou o homem que foi reeleito secretário-geral do PCP. E para se fazer o que tem de ser feito, Jerónimo acredita que o PCP não está fora da equação. Uma "alternativa política não é possível só com o PCP, mas também não será possível sem o PCP", realçou
Jerónimo de Sousa considera que o este "congresso diferente" demonstrou isso mesmo, já que se realizou contra tudo e contra todos. "As forças reacionárias, tendo como pano de fundo alguns setores da comunicação social, os mesmos que não queriam que se celebrasse a Revolução de Abril, o 1º de Maio, a Festa do Avante!, e agora o Congresso, aproveitando a situação epidémica e o receio natural face à evolução da doença, desencadearam mais um episódio do medo, já não só o medo de morrer mas conduzindo a operação para o medo de viver", acusou.
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Jerónimo realça que há existe "medo de fruir a cultura e o desporto, medo de conviver, trabalhar e participar, num tempo em que se liquidaram milhares de empregos, se cortaram salários, se cortaram direitos e se conduziram pequenos e médios empresários para a ruína", mas insiste: "Quem estiver despreocupado com a situação sanitária está distraído. Mas se há algum ensinamento a extrair do Congresso do PCP é que não existe nenhuma dificuldade intransponível para garantir a segurança sanitária e o exercício de direitos e liberdades."
As críticas ao PS que se estenderam... ao Bloco
Jerónimo alerta que se vivem tempos em que "há mais portugueses vítimas do aprofundamento da exploração, do desemprego e da pobreza que aumentaram e continuam a aumentar" e em que "há mais incertezas e inquietações em relação ao futuro das suas vidas".
"Esta realidade não se combate com estados de emergência excessivos e inconsequentes. Combate-se com medidas de emergência social, dando sentido e dimensão ao objetivo de que ninguém deve ficar para trás", alerta.
O líder comunista realça que "é preciso travar a destruição de setores económicos e assegurar o emprego e a vida de muitos milhares de micro e pequenos empresários", para se "reverter rapidamente o caminho de recessão económica e relançar a economia" e "impedir o retrocesso social e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo".
Como tal, diz, são precisas "medidas concretas" na Assembleia da República, nas quais assegura que o PCP deu o seu contributo. Foi "um caminho que ficou curto porque o PS não se liberta das suas escolhas e opções", mas não só. Sem referir nenhum partido em específico, Jerónimo apontou o dedo ao Bloco de Esquerda, referindo-se a um trabalho feito pelos comunistas "enquanto alguns desistiam".
"Se há avanços, medidas consagradas dirigidas aos trabalhadores, aos reformados, às pequenas empresas, à cultura, ao Serviço Nacional de Saúde e aos seus profissionais, todas têm a marca, a contribuição, a proposta do PCP", assegura.
Jerónimo de Sousa salvaguarda que o PCP "não [se está] a preparar para o combate. [Está] já a travá-lo", sendo a começar pelo combate "de imediato a batalha das Presidenciais" e um "alargamento unitário de apoio" a João Ferreira, no "objetivo de trazer à luta milhares de trabalhadores flagelados nos seus salários, nos seus empregos, nos seus direitos".
O reeleito secretário-geral do PCP lembra que foi eleito um novo Comité Central e que se reafirmou a "natureza e identidade" do PCP.
"O que estamos aqui a fazer e a afirmar é que as gerações de comunistas, que nos antecederam desde a sua fundação, tem nesta geração atual a determinação, a garantia e afirmação, como comunistas do nosso tempo, que tudo faremos para continuarmos a ter um Partido Comunista que honra um partido comunista digno desse nome", realçou.