Pede-se "bom senso". Contentores temporários da câmara não impedem lixo nas ruas de Lisboa
Muitas pessoas optam por deixar os sacos no chão, junto aos ecopontos habituais, mesmo com um contentor temporário meio cheio a escassos metros. Contudo, vários cidadãos admitem que não foram informados da existência destes novos caixotes
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Vários contentores do lixo já estavam cheios, no final da manhã desta quinta-feira, por causa da greve na higiene urbana, em Lisboa. Foi o caso de algumas zonas das Avenidas Novas e do Areeiro, onde nem os caixotes temporários da câmara municipal impediram que os sacos se começassem a juntar nas ruas.
O primeiro destes 57 contentores do lixo temporários foi colocado pela autarquia em frente à Igreja de São João de Deus, na Praça de Londres. Pouco passava das 11h00 e já pouco espaço sobrava para mais cartão, enquanto a zona do contentor dedicada aos plásticos e às embalagens estava ainda meio cheia. Do outro lado da estrada, o ecoponto habitual estava já cheio e com vários sacos pousados à volta, sobretudo com papel e plástico.
Ali ao lado, no Bairro do Arco do Cego e no cruzamento da Rua Dona Filipa de Vilhena com a Avenida Elias Garcia, encontrava-se mais do mesmo: um ecoponto cheio e a transbordar. Carla Santos trabalha ali ao lado e explica à TSF que o problema não é de hoje. "Isto está sempre cheio de lixo, mas no Natal é bem pior", garante. Aqui não foram colocados contentores temporários da câmara. Para chegar ao próximo, é preciso andar até à Praça do Campo Pequeno, onde os funcionários da Junta de Freguesia das Avenidas Novas já recolheram os sacos ao redor dos caixotes, mas só o executivo municipal tem competência para os esvaziar. Ao meio-dia, também já não havia espaço para mais sacos.
Francisco trabalha num café, mesmo em frente aos ecopontos, e explica que o lixo acumulado na rua é um cenário que se vive todos os anos. "Basta não haver recolha um dia que o problema volta a acontecer", adianta à TSF este funcionário.
A proximidade da esplanada com os contentores também não ajuda. "É bastante desagradável, e muitas são as vezes em que eu tenho de ligar para a câmara municipal para que seja feita uma limpeza exterior e interior aos contentores, por causa do cheiro", que também já afastou clientes do café, admite Francisco. Pede por isso "bom senso" a quem recolhe, mas também aos moradores que ali despejam o lixo.
À falta de recolha junta-se a falta de cuidado na separação do lixo. A TSF esteve no local e constatou que, na Praça de Londres e no Campo Pequeno, foram poucos os fregueses que se deslocaram aos novos ecopontos da Câmara Municipal de Lisboa, ainda com espaço para depósitos, optando por deixar os sacos no chão, junto aos ecopontos habituais, a escassos metros de distância dos caixotes temporários. Ainda assim, muitos revelaram que não foram informados da existência destes novos contentores.
Os trabalhadores da higiene urbana de Lisboa vão manter a greve total até sexta-feira, dia 27 de dezembro. A paralisação mantém-se depois até ao dia 2 de janeiro, mas só para o trabalho extraordinário.
