Pedidos de ajuda disparam. Cruz Vermelha Portuguesa desenvolve projetos para apoiar famílias
Ana Jorge, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, alerta para o aumento dos pedidos de ajuda, mas reconhece que não é possível apoiar todas as pessoas.
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Nos últimos anos têm aumentado os pedidos de ajuda à Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). Nesse sentido, a CVP tem vindo a desenvolver vários projetos para apoiar mulheres e famílias, principalmente monoparentais.
Em 2022, quase 65% dos pedidos de ajuda vieram de famílias monoparentais do género feminino.
Ana Jorge, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, e antiga Ministra da Saúde, reconheceu que "aquilo que acontece na procura dos apoios, é que são muitas vezes famílias monoparentais, cujo principal elemento é uma mulher sozinha, muitas vezes com família, com filhos ou ascendentes de quem tem que cuidar, e que necessitam de um apoio, e que esse apoio que solicita à Cruz Vermelha, que é um apoio de bens essenciais, nomeadamente alimentação, a renda, água, eletricidade e gás, às vezes também em saúde, para medicamentos e consultas. E isso é muito significativo".
"Houve um aumento neste último ano. Comparando o primeiro trimestre de 2023 com 2022, houve um aumento de 48 para 100 pedidos. Portanto, duplicaram os pedidos realizados no mesmo período. Porque o desemprego é maior, porque estão mais sozinhas, porque ainda não chegámos à igualdade, nomeadamente de trabalho igual, salário igual."
Um dos projetos que a Cruz Vermelha Portuguesa tem vindo a desenvolver para ajudar as famílias mais desfavorecidas é o Programa Mais Feliz. Esta iniciativa insere-se numa lógica de desenvolvimento social territorial para apoiar pessoas que, pontual ou continuadamente, se encontrem em situações de grande vulnerabilidade.
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Ana Jorge explicou que, apesar da abrangência do projeto, não é possível chegar a todo o lado. "Nós não conseguirmos cobrir todas as necessidades. Gostaríamos mas não é possível."
"Vamos ao encontro de quem nos procura, ou de situações sinalizadas, nas nossas 159 delegações, que têm quase todas intervenção social. Muitas destas delegações têm atendimento direto de ação social, com assistentes sociais no primeiro atendimento, e que as pessoas procuram para este apoio. E na medida do possível, tentando sempre, as delegações procuram ajudar, articulando com outras estruturas de apoio que também existem na comunidade, para não haver sobreposição. Mas a diferença que tentamos fazer é identificar as pessoas, avaliar, e acompanhar estes processos, não só com um acompanhamento em géneros, mas também com apoios de outra natureza, ou mesmo financeiro, na medida em que, muitas vezes, há necessidades reais para cobrir as faturas da renda, da água, da eletricidade, que agora aumentaram muito, e que permite que ajudemos, pelo menos uma fatia significativa da população mais vulnerável", destaca Ana Jorge, a segunda mulher presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, em 158 anos de história da instituição.