Pedro Filipe Soares apela à mobilização contra as elites pela «utopia que comanda a esquerda»

TIAGO PETINGA/LUSA
O candidato à liderança do BE Pedro Filipe Soares criticou hoje uma «uma parte da esquerda que já está derrotada» e quer «juntar-se às elites para perder por poucos», apelando à mobilização «contra o medo» e «pela utopia».
No discurso de apresentação da moção "Bloco plural", o atual líder parlamentar insurgiu-se contra as críticas pelas divisões entre a direção do BE nesta Convenção Nacional.
«Esta é a esquerda que sabe viver em democracia porque respeita a opinião de todos e todas, a esquerda que fez um caminho nem sempre fácil de consecução de compromissos, um caminho de diferentes escolhas em que todos soubemos que eramos determinantes para fazer a diferença», afirmou.
Pedro Filipe Soares declarou depois que o BE «não aceita a palavra inevitabilidade, uma das faces do medo que tentam impor à sociedade» e elogiou a sua ação para travar a «direita e o PS», que «à socapa» e «às escondidas tentaram fazer passar o fim da suspensão das subvenções» vitalícias aos políticos.
«António Costa veio dizer que não sabia de nada, ele não sabia, foram os dele lá no parlamento, Pedro Passos Coelho veio dizer que foi Luís Montenegro (...) tiveram medo do povo porque o povo se levantou», afirmou o bloquista.
Neste contexto, e sem fazer referências diretas, o dirigente bloquista criticou «uma parte da esquerda que já está derrotada» e defendeu que o BE não pode aceitar discursos derrotistas e resignados.
Para o bloquista, que se encabeça a moção "Bloco plural", o que está em causa no partido é a apresentação de um projeto mobilizador para transformar a sociedade, «contra a corrupção, contra as elites ou outros que se querem juntar às elites para perderem por poucos».
«Sabemos que temos uma maioria social connosco, foi isso que fez mudar a vontade de PS e PSD para mudar as subvenções, digam que eles se arrependeram, nós dizemos que houve uma maioria social que os obrigou a arrependerem-se», atirou.
Numa intervenção contra os que «cedem contra o medo», Pedro Filipe Soares sublinhou que os partidos «não são todos corruptos» e criticou os que «já nem prometem que o futuro vai ser melhor do que o presente».
"Já diz o poeta que o sonho comanda a vida. E a utopia comanda a esquerda, acrescento eu, não estamos cá para ceder ao medo", afirmou.
«Dizia Zeca Afonso, eles comem tudo e não deixam nada, mas dizia também que no chão do medo tombam os vencidos. Aqui estão os que não tombam porque não serão vencidos, a proposta que fazemos é que saiamos à rua, dizendo que temos uma maioria social connosco», atirou, numa intervenção que terminou com aplausos de pé de centenas de delegados.