Pedro Nuno quer "consequências" imediatas na Saúde e vê “desautorização” de Ana Paula Martins. A Marcelo pede "coerência"

Rita Chantre (arquivo)
O secretário-geral socialista visitou o Hospital Garcia de Orta, em Almada, em tempo de crise no INEM
Corpo do artigo
Pedro Nuno Santos pede consequências imediatas à ministra da Saúde, depois de Ana Paula Martins assumir que vai esperar pelas conclusões dos inquéritos do Ministério Público sobre as onze mortes, alegadamente, relacionadas com as falhas no INEM. O secretário-geral socialista visitou o Hospital Garcia de Orta, em Almada, aproveitando para insistir com o primeiro-ministro para que dê explicações sobre o que correu mal com a greve no INEM.
Os alvos continuam definidos: Ana Paula Martins, mas também Luís Montenegro. E se a ministra mantém-se no cargo, pelo menos, até às conclusões dos inquéritos, Pedro Nuno Santos quer “consequências” a curto prazo.
“Eu gostava que a ministra tivesse capacidade de retirar consequências do que aconteceu nestes dias. Não precisamos de esperar pelos inquéritos para saber que a forma como foi gerida esta greve foi grave”, respondeu
Uma greve que pode estar relacionado com onze mortes. O INEM está agora na tutela direta de Ana Paula Martins, antes era da responsabilidade da secretária de Estado, Cristina Vaz Tomé, Pedro Nuno Santos não vê mais do que “passa-culpas”.
“A ministra da Saúde inicia as declarações na Assembleia da República dizendo que assume todas as responsabilidades, mas, depois, todas as intervenções foram no sentido de procurar outros responsáveis que não ela própria. Portanto, chamar a si o INEM não nos inspira grande confiança. Para já, há uma desautorização à secretária de Estado”, atira.
Uma “desautorização” que deve levar a ministra a refletir se mantém a confiança na secretária de Estado. Ana Paula Martins têm dito que quer “refundar” o INEM, o socialista pede explicações e deixa um alerta: estamos perante uma tentativa de privatização?
“Quando ouvimos dirigentes, responsáveis políticos ou governantes do PSD a dizerem que querem um serviço regulador e não prestador, o que nos vem à memória é a intenção e a vontade de privatizar”, alertou.
Pedro Nuno Santos fala num “clima de insegurança” na saúde, e lembra que Luís Montenegro definiu o tema como prioritário na governação, ainda na campanha eleitoral para as legislativas de março. E daí a pergunta ao primeiro-ministro.
“Temos uma ministra que nos disse que vai consumir 70% do seu tempo com o INEM, restam 30% para todos os outros problemas da saúde. Importa também perguntar ao primeiro-ministro quanto do seu tempo dedicará ao tema da saúde”, questionou.
Pedro Nuno pede “coerência” a Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa tem recusado alongar-se sobre o tema, apesar de, no tempo de António Costa, ter ficado como responsável por várias demissões. Pedro Nuno Santos está “focado” no Governo, mas pede “coerência” a todos os atores políticos.
“Qualquer político deve ser coerente ao longo do tempo em que está em funções. Espero que o Presidente da República não lide de forma diferente com estes temas como lidou, no passado, com outros”, respondeu.
Pedro Nuno Santos, para já, continua sem pedir a demissão de governantes, rejeitando fazer política tirando o tapete a ministros. Pede, isso sim, que Luís Montenegro dê, finalmente, explicações sobre o que correu mal com a greve no INEM.