Pedrógão Grande: fundos que ainda não chegaram deviam estar a ser usados na prevenção
A Associação das Vítimas de Pedrógão Grande acredita que os 800 mil euros do Fundo Revita deviam ser usados para que aldeias e habitantes estivessem mais protegidos na possibilidade de um novo incêndil.
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A presidente da Associação das Vítimas de Pedrógão Grande, Dina Duarte, acredita que os fundos Revita que foram angariados pelos portugueses ainda não foram utilizados. "Continuam na posse do fundo Revita e é interesse nosso que esse dinheiro seja aplicado em coisas tão simples como mochilas de emergência, kits para as aldeias poderem combater os incêndios", frisou em declarações à TSF.
A "prevenção" é vista como fundamental para a responsável, nomeadamente no corte das árvores, que não está como desejável. "Esperemos que isto não aconteça, mas se acontecer temos de estar preparados para isto", apontou.
"Há sempre uma esperança no futuro, esperamos que nada aconteça", acrescentou, sublinhando que "como ainda não há interesse [por parte do negócio do fogo], as coisas acabam por estar mais salvaguardadas".
Dina Duarte conta que "algumas das árvores continuam de pé e são esqueletos que lembram aquele dia" e a "reflorestação vai sendo feita, mas não é com a biodiversidade que associação defende", já que o eucalipto "continua a ser a árvore com mais visibilidade".
Bandeira a meia-haste no Parlamento
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, anunciou que a bandeira do Parlamento vai estar, esta quarta-feira, a meia-haste em memória das vítimas dos incêndios florestais de há três anos em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
Em 17 de junho de 2017, deflagrou em Pedrógão Grande um incêndio florestal, que depois alastrou aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Sertã, Pampilhosa da Serra e Penela, que fez 66 mortos e 254 feridos.
Na sua mensagem, Ferro Rodrigues salienta que hoje se assinala o Dia Nacional em Memória das Vítimas dos Incêndios Florestais, instituído por resolução do parlamento, e que a bandeira da Assembleia da República encontra-se a meia-haste.
"Foi para nos lembrar que uma tragédia como aquela que se verificou em 17 de junho de 2017 não mais se poderá repetir que a Assembleia da República, órgão de soberania representativo de todas e de todos os portugueses, decidiu, de forma unânime, consagrar este dia à evocação da memória dos homens, das mulheres e das crianças que perderam a vida em 2017, mas, igualmente, de todas e de todos quantos, ao longo da nossa história, sucumbiram ao flagelo dos incêndios florestais em Portugal", afirma Ferro Rodrigues.
O presidente da Assembleia da República considera depois que 17 de junho de 2017 "ficará na história como o dia em que deflagrou aquele que foi o incêndio florestal mais mortífero de sempre em Portugal".
"Uma tragédia - cuja dimensão não encontra paralelo na nossa história recente - que o parlamento, desde o primeiro momento, procurou compreender, em todos os seus contornos, obtendo, de forma isenta e credível, os esclarecimentos possíveis. Foi assim com o funcionamento de comissões técnicas independentes, é assim com o funcionamento de uma Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar, que, a seu tempo, obterá as suas conclusões", aponta.
Na sua mensagem, o presidente da Assembleia da República deixa ainda mais uma nota sobre as vítimas dos incêndios de há três anos: "Homenagear aquelas e aqueles que vimos partir em 2017 é, sobretudo, garantir que não voltamos a assistir a uma tragédia com esta dimensão".