Peixe-gato-europeu põe em risco espécies nativas no rio Tejo. Pescadores podem fazer parte da solução
Um estudo da Universidade de Lisboa e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente indica que o peixe-gato-europeu ameaça a sobrevivência de peixes nativos. A investigadora líder, Mafalda Moncada, explica à TSF como a solução pode passar pelos pescadores
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O peixe-gato-europeu é um invasor que põe em risco espécies nativas nos rios ibéricos. É a conclusão de um estudo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE). Depois de analisar o sistema digestivo de cerca de 250 peixes-gato-europeus, cujo nome científico é Silurus glanis, a investigadora líder deste estudo, Mafalda Moncada, em declarações à TSF, fala numa descoberta preocupante.
"No Tejo principal, que foi onde este estudo se inseriu, temos cerca de 36 espécies de peixe e nós detetamos, nos estômagos e intestinos do peixe-gato-europeu, 26 espécies, das quais 16 são nativas. Por exemplo, a índia europeia, que é uma espécie que está ameaçada, mas também o bargo, o sável, que é uma espécie muito associada aos festivais de gastronomia e que tem vindo a diminuir, também a lampreia marinha, que é uma espécie que, ao longo dos anos, tem sido mais difícil de capturar", explica à TSF Mafalda Moncada.
O peixe-gato-europeu é mais dominante no rio Tejo, mas também existe no rio Douro e tem uma esperança média de vida de 60 anos. Mafalda Moncada adianta que o grupo de investigadores tem trabalhado com os pescadores, uma vez que podem fazer parte da solução. "Os pescadores profissionais têm vindo a ajudar-nos bastante a pescar toneladas de Silurus, nomeadamente na zona do Tejo internacional", refere.
Além de ser uma espécie predadora de vários peixes, o peixe-gato-europeu pode representar uma dificuldade para a pesca. "Por exemplo, podem estragar as redes aos pescadores profissionais e também consomem as espécies que os pescadores desportivos gostam de apanhar", sublinha.
A investigadora acrescenta ainda que estão a trabalhar com alguns restaurantes para que os pescadores recebam algum retorno económico, de forma a que os consumidores estejam informados de que esta é uma espécie invasora e que a consumir "é uma coisa boa para o ambiente".
Para uma pesca mais eficaz deste peixe, o estudo aconselha que esta seja feita sobretudo na primavera e junto a barragens.
