Nos laboratórios do Centro de Ciências do Mar, no Algarve, existem pequenos peixes que estão a contribuir para perceber melhor a espondilite anquilosante
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A espondilite anquilosante é uma doença reumática crónica que afeta milhares de pessoas em Portugal. O seu nome deve-se ao facto de as vértebras ficarem inflamadas e “soldarem-se” entre si, causando anquilose (fusão) da coluna vertebral e das articulações sacroilíacas (as que unem a parte inferior da coluna com a bacia).
Nestas investigações do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), o peixe-zebra é o protagonista e o equivalente aos ratinhos de laboratório, porque são muitas as suas semelhanças com o genoma humano. Nos inúmeros aquários que se encontram nos laboratórios do CCMAR, veem-se estes pequenos animais que não têm mais do que três a quatro centímetros. No entanto, eles podem ser determinantes para a investigação de diversas patologias.
"Nas doenças humanas o peixe-zebra pode ir até 81% do genoma humano”, esclarece Gil Martins, doutorando no CCMAR. Para o investigador, este é "um excelente modelo" e, visto que através de uma fémea se consegue obter 100 a 200 ovos, consegue-se acelerar a investigação comparativamente com outros modelos".
As investigações estão focadas nesta altura numa doença inflamatória, a espondilite anquilosante, muito incapacitante para os doentes. Os peixes zebre servirão de modelo para testar “móleculas de origem marinha”, existentes nas algas com propriedades anti-inflamatórias.
Um pequeno peixe zebra com oito meses a um ano de idade equivale a um ser humano com idade entre os 50-60 anos. O biólogo explica que, retirando 60 a 70 escamas a este peixe, que se regenera por si, pode estudar-se tudo o que se pretende, visto que as células das escamas têm muita semelhança às de um esqueleto humano.
O biólogo lembra que é uma forma de ter melhores práticas, indo ao que a União Europeia preoniza, visto que nesta altura está a alterar as regras da experimentação animal. Com anestesia, o peixe-zebra não sofre, contribui para a ciência e consegue mais tarde regenerar as suas escamas.