No ocidente, é raro encontrar um país com mais homens que mulheres e não se sabe que resultado esta alteração poderá ter. Mas pode ser um sinal, admitem os especialistas, daquilo que aí vem.
Corpo do artigo
Na Suécia, o número de homens disparou e ninguém estava à espera. Tanto assim, que em 2003, a Agência de Estatística da Suécia, estimava que só lá para 2050 é que haveria menos mulheres do que homens.
Um engano enorme.
Março de 2015. Foi nesse mês que a balança passou a pender para o outro lado. Nessa altura, a Agência de Estatística da Suécia contou mais 227 homens que mulheres. E de então até agora, a tendência não se alterou. Atualmente há mais 12 mil suecos do que suecas.
O país tem uma população de sensivelmente 10 milhões de pessoas e "não é despropositado" pensar que no futuro a Suécia vai ter um grande excesso de homens, diz Tomas Johansson da AES.
Famosa por aplicar fortes políticas de igualdade de género, foi com surpresa que a Suécia recebeu a notícia de que no país há mais homens do que mulheres. É a primeira vez que isto acontece em mais de 250 anos, ou seja, desde que na Suécia se produz estatística sobre o tema.
E ninguém sabe bem o que fazer com este dado.
"É um fenómeno novo para a Europa" explica à reportagem da Associated Press, Francesco Billari, um especialista em demografia da Universidade de Oxford que também é o presidente da Associação Europeia dos Estudos sobre a População. "Nós, enquanto investigadores, não temos estado em cima disto".
Na Suécia, as estatísticas oficiais mostram que esta mudança demográfica baseia-se principalmente no facto dos homens estarem a viver durante muito mais tempo. Com um estilo de vida saudável, a esperança de vida masculina está-se a aproximar da das mulheres. Mas não só. Nos anos mais recentes, dezenas de milhares de imigrantes afegãos, sírios e do norte de África têm chegado ao país.
Certo é que não é nada comum encontrar um país do ocidente onde haja mais homens que mulheres. Historicamente é assim que tem sido, mas com estes dois dados - o aumento da esperança de vida nos homens e os movimentos migratórios em direção à Europa - os ventos da demografia podem estar a mudar.
No continente europeu, o rácio de nascimentos até pende para o lado masculino - cerca de 105 rapazes para cada 100 raparigas. Assim, tem sido graças à esperança de vida - superior nas mulheres - que a balança acaba por resvalar para o lado feminino.
A Associated Press conta na reportagem que uma análise das estatísticas atuais garante que as mulheres se vão manter maioritárias em grande parte dos países europeus durante as próximas décadas, mas o número de homens por cada cem mulheres - um índice conhecido como razão sexual - tem vindo a aumentar lentamente quando se olha para a Europa como um todos, mas rapidamente no caso de alguns países do norte e do centro da Europa.
A Noruega segue na frente do pelotão. Em 2011, quatro anos antes da Suécia, passou a ter mais homens que mulheres. A Dinamarca e a Suíça têm uma razão sexual que se aproxima dos 100. A Alemanha que, por causa da II Grande Guerra, tinha um grande défice de homens, viu a sua razão sexual subir de 87 na década de 60, para 96 no ano passado. No Reino Unido, os especialistas perspetivam que em 2050 os homens serão a maioria.
A Associated Press sublinha que os investigadores não têm uma ideia clara do que acontece a uma sociedade quando a maioria da população se torna masculina.
Os especialistas com quem a agência falou admitem que as mulheres se tornem mais exigentes na altura da escolha de um parceiro. Por outro lado, podem vir a aumentar os assédios por parte dos homens que estão a ter dificuldades em encontrar companhia.
Há também estudos que apontam para um aumento da criminalidade.
Mudanças demográficas e culturais das quais Portugal parece estar muito longe. Segundo dados disponibilizados online pela Pordata, em 2011, havia mais 500 mil mulheres do que homens.