"Pelo contrário." Conferência Episcopal recusa perda de influência dos católicos na eutanásia
Pedro Vaz Patto rejeitou, durante a participação no Fórum TSF, a ideia de Marcelo Rebelo de Sousa de que os católicos perderam influência na tomada de decisão sobre a eutanásia.
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Pedro Vaz Patto, representante da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na questão da eutanásia, rejeita a ideia do Presidente da República de que a perda de influência e a indiferença dos católicos na tomada de decisão torna a consideração "espinhosa".
Marcelo Rebelo de Sousa disse esta quinta-feira que essa indiferença e falta de influência tornavam "mais espinhosas magistraturas chamadas a arbitrar tópicos candentes nos quais a ausência quer dizer irrelevância cívica", depois de dar a eutanásia como um exemplo desses tópicos.
No Fórum TSF, o representante da Conferência Episcopal diz que os católicos continuam ativos. "Não concordo que haja uma indiferença, uma irrelevância, na participação dos católicos nesta matéria. Pelo contrário. Eu faço parte da Associação de Juristas Católicos que, em conjunto com a Associação dos Médicos Católicos, voltou a pronunciar-se sobre esta questão. Eu já nem sei o número de vezes que o fez, quer a Associação de Juristas Católicos, quer a Associação dos Médicos Católicos", disse Pedro Vaz Patto.
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O representante da CEP complementa: "Eu já nem sei o número de vezes que o fez, quer a Associação de Juristas Católicos, quer a Associação dos Médicos Católicos. Ainda recentemente protestou contra o facto de não ter sido ouvida pela Assembleia da República nesta legislatura, com o pretexto de que já tinha sido ouvida na legislatura anterior. Portanto, não se trata de não intervir, mas, neste caso, até houve um bloqueio a essa forma de intervenção."
Pedro Vaz Patto vai mais longe e desafia Marcelo Rebelo de Sousa a assumir uma posição católica sobre a Eutanásia. "Não compreendo algumas reservas que o senhor Presidente da República tem manifestado em relação ao facto de se pronunciar e agir de acordo com as suas convicções nesta matéria. Eu penso que tem legitimidade para o fazer, como têm os senhores deputados", disse,referindo que esta não é uma questão "confessional", porque já se pronunciaram contra "pessoas de outras convicções religiosas e também, por exemplo, representantes da Ordem dos Médicos".
E reitera: "Esperaria também do senhor Presidente da República que atuasse de uma forma mais política de acordo com as duas convicções nesta matéria, como faz em relação a outras que não tem a importância que tem esta."
A fundadora do movimento "Stop Eutanásia", Isabel Galriça Neto, considera que não tem de existir "influência da Igreja Católica".
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"Eu, como católica, tenho-me afirmado, nomeadamente condenado o conceito antirreligioso que se desenvolveu em Portugal, achando que as pessoas que afirmam livremente o seu credo e a sua fé são pessoas atávicas, são pessoas que não são modernas, e eu não vejo dessa forma", explica no Fórum TSF.
Galriça Neto entende que "uma sociedade que é mais solidária, que cuida daqueles que são mais fracos, que de alguma forma desenvolve um espírito de samaritano face ao que sofre, essa é a sociedade que é mais avançada e mais solidária".