Se março foi mau, abril será ainda pior. O setor dos transportes públicos apela ao "civismo" dos utentes, para que, mesmo não conseguindo comprar os títulos e os passes a bordo dos autocarros, paguem as suas viagens.
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A Associação Nacional de Transportes de Passageiros (Antrop) apela aos utentes que não deixem de comprar os passes ou outros títulos de transporte, mesmo que não consigam comprar os bilhetes a bordo dos autocarros.
"Apelamos às pessoas, ao civismo e ao sentido de responsabilidade das pessoas, que não interpretem estas orientações como sendo uma forma de não pagar o seu título de transporte. É absolutamente fundamental que comprem o seu título de transporte, porque essa é uma forma de viabilizar e de permitir a continuidade do serviço." O pedido parte de Cabaço Martins, o presidente da Antrop, que assiste a um momento de muitas dificuldades para o transporte público.
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A associação dos operadores rodoviários de passageiros prevê para o setor "perdas colossais" e insta o Governo a ajudar as empresas com celeridade."Neste momento, temos cerca de 80 empresas a prestar o serviço público de transporte de norte a sul do país. Eu diria que elas estão em risco: face a esta situação, não há nenhuma exceção."
"Nenhuma empresa é capaz de continuar a trabalhar, embora alguma redução, sem ter nenhuma receita", defende Cabaço Martins. O apoio que a Antrop pede ao Executivo tem, na perspetiva do representante do setor, um grau de urgência elevado. "O Governo já percebeu; não há que ter hesitações. As empresas precisam de uma ajuda concreta do Governo. É agora que precisam dessa ajuda, e não daqui a dois ou três meses."
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Pode mesmo ser uma questão de vida ou morte financeira para estas empresas, concretiza. "Se não tiverem esse apoio agora, as empresas poderão eventualmente fechar", acrescenta o responsável. Cabaço Martins explica ainda à TSF as despesas com que as empresas se têm confrontado, apesar de as receitas terem visto uma redução acentuada. "O transporte público só pode funcionar se conseguirmos pagar as nossas despesas. Estamos a pagar a todos os trabalhadores os seus salários."
"Reduzimos alguns serviços, mas continuamos a ter custos fixos elevadíssimos, como ao nível da manutenção e dos combustíveis. Continuamos a ter 70 a 80% dos nossos custos normais." Cabaço Martins faz, por isso, as contas: "As empresas estão a receber um quarto do que deveriam estar a receber. Precisamos que o Governo nos ajude em três quartos, pelo menos em metade do que costumávamos receber, mas isso varia de empresa para empresa."
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A partir de meados de março, os prejuízos começaram para as empresas de transporte público, como refere Cabaço Martins. "Sentimos uma queda muito acentuada, porque as pessoas passaram a ficar muito mais tempo em casa e todas as escolas fecharam." As consequências são já "muito negativas para os transportes", de acordo com o presidente da Antrop, mas tudo pode ainda piorar.
"Se março foi mau, abril deverá ser desastroso. As perdas vão ser colossais."